A Prefeitura de São Paulo aumentou em quase 4.000% o número de contratos temporários de professores da rede municipal de ensino nos últimos cinco anos. Atualmente, mais de 9 mil docentes da capital paulista trabalham nesse sistema. Em 2020, essa quantidade era de 223.
As informações foram levantadas a partir de informações do portal Dados Abertos, que contém os registros dos trabalhadores da Prefeitura e traz a quantidade de docentes com contratos com tempo determinado da Secretaria Municipal da Educação.
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Nesses cinco anos, o número de docentes efetivos sofreu 117 baixas: segundo o portal da Prefeitura, em 2020, a cidade tinha 61.762 docentes contratados com vínculo desse tipo, contra 61.645 em 2025.
Os professores efetivos são aqueles aprovados por concurso, que possuem estabilidade e progressão de carreira. Em contrapartida, os temporários são contratados por tempo determinado, geralmente para substituir docentes afastados.
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Estudantes em escola municipal de São Paulo
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Alunos observam professora em escola municipal
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Estudantes usam quadra da escola Liceu Coração de Jesus
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A gestão municipal disse, em nota enviada ao Metrópoles, que o número de professores temporários serve para suprir a ausência de servidores efetivos. Segundo a Secretaria Municipal da Educação, a cidade tem atualmente uma média de 8 mil professores em licença ou afastados (veja tabela abaixo).
Professores temporários em SP
A contratação de professores temporários na rede municipal de educação começou a crescer significativamente durante a gestão do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), saltando de 223 contratos em julho de 2020 para 1.012 em agosto do mesmo ano.
Desde então, esse modelo de vínculo tem crescido anualmente, com exceção de uma queda entre este ano e o ano passado. Veja o número de contratos temporários na capital paulista:
- Abril de 2020 (último mês disponível): 223
- Abril de 2021: 3.775
- Abril de 2022: 4.118
- Abril de 2023: 6.795
- Abril de 2024: 9.511
- Abril de 2025: 9.048
O crescimento repete uma tendência que vem acontecendo em todo o estado. Em abril deste ano, o Metrópoles noticiou que a quantidade de contratos temporários da rede estadual cresceu em 83%, segundo um estudo da organização Todos Pela Educação.
Críticas e reposta da Prefeitura
Os contratos temporários são alvo de críticas dos sindicatos, que alegam que esse modelo de contratação contribui para a piora do ensino municipal. O presidente do Sindsep/CUT, Sérgio Antiqueira, defende que “concurso não é gasto, é investimento na qualidade do serviço à população”, e complementa que “servidor público não é inimigo do povo, como querem fazer parecer”.
A classe tem se manifestado contra esse tipo de vínculo e por melhorias na carreira. Em abril, os professores aprovaram uma paralisação durante as negociações por reajuste salarial, pelo fim dos descontos para aposentados e por melhores condições de trabalho. A categoria ainda criticava uma lei municipal, sancionada em janeiro de 2025 pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que ampliou para quatro anos a validade dos contratos temporários.
Em nota, Prefeitura escreveu que “o total de temporários representa menos de 9%” do total de professores da educação municipal. No texto, a gestão ainda afirma que “os temporários são contratados para, por exemplo, suprir a ausência de servidores efetivos” e que a secretaria “tem uma média de 8 mil professores em licença ou afastados”. A Prefeitura de São Paulo chamou os questionamentos do sindicato de “infundados” e destacou que “a cidade tem um dos maiores pisos salariais do país para a educação”.