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    Oposição planeja arrastar CPI do INSS até 2026 para “sangrar” Lula

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    A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso pretende arrastar a CPI mista que será criada para apurar as fraudes dos descontos em aposentadorias do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) até 2026. O objetivo é usar a Comissão Parlamentar de Inquérito para desgastar a imagem do petista no ano eleitoral.

    Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nessa semana, 31% dos brasileiros consideram o governo Lula responsável pelas fraudes do INSS — a desaprovação ao governo chegou a 57%, pior índice do mandato. “A forte repercussão de notícias como o escândalo do INSS diminuiu o efeito positivo da economia e do lançamento dos novos projetos e programas do governo”, avaliou Felipe Nunes, CEO da Quaest.

    O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), acenou a senadores da oposição que irá ler o requerimento de abertura da CPI do INSS no dia 17 de junho, em uma sessão conjunta. O ato, que iria ocorrer em 27 de maio e foi adiado, cria a comissão, mas não escolhe quem irá integrar o colegiado.

    O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023 que levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal. No fim de abril, a PF deflagrou a Operação Sem Desconto, que culminou nas demissões do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

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    A instalação efetiva da CPI, que é quando os membros são escolhidos e o relator e o presidente são designados, ficará para o segundo semestre, no plano dos opositores de Lula. Se o colegiado iniciar depois do recesso de julho, a investigação pode se estender até 2026, já que as CPIs têm prazo de quatro meses e podem ser prorrogadas por mais 60 dias.

    Disputa por vagas na CPI

    A proximidade da investigação com o ano eleitoral também criou uma corrida pelas vagas de integrantes da comissão. Parlamentares interessados em renovar seus cargos no ano que vem, querem se aproveitar da exposição permitida pela CPI.

    De acordo com o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, a bancada de deputados do PL, a maior da Câmara, deve ter direito a seis vagas – três como titular e três de suplente –, mas ao menos oito deputados vão disputar as cadeiras da comissão.

    Bolsonaristas também disputam a relatoria da CPI. O líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), defende que Coronel Chrisóstomo (PL/RO) seja o relator da comissão. Já a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) se movimenta nos bastidores para a relatoria ficar com a deputada Coronel Fernanda (PL-MT).

    Para presidir a comissão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, tem um nome favorito: Omar Aziz (PSD-AM), que já presidiu a CPI da Pandemia.

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    Carros de luxo apreendidos com o Careca do INSS

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    Motos importadas apreendidas na casa do Careca do INSS

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    Mala de dinheiro apreendida em apartamento do Careca do INSS

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    Polícia Federal deflagrou operação por fraudes no INSS

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    PF cumpriu 211 mandados de busca e apreensão e 6 de prisão na Operação Sem Desconto

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    Carlos Lupi pediu demissão do Ministério da Previdência 9 dias após operação da PF contra farra do INSS

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    PF aponta três operadores da farra dos descontos contra aposentados, entre eles o ”Careca do INSS” (ao centro)

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    Jorge Messias, chefe da AGU

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    Vinícius Carvalho, chefe da CGU

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    Novo chefe da Previdência

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    “Ninguém é autorizado a falar em nome do INSS”, enfatizou o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior

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    Impasse na tramitação da CPI

    • O deputado Coronel Chrisóstomo (PL/RO), candidato a relator da comissão, foi o primeiro a apresentar um requerimento da CPI para investigar as fraudes do INSS.
    • À época, a oposição na Câmara fez barulho e tentou emplacar a investigação, com o apelido de CPI do Roubo dos Aposentados.
    • A possível implicação de políticos de todos os espectros políticos no caso gerou receio entre os parlamentares.
    • Depois, a senadora Damares Alves (foto em destaque) e a deputada Coronel Fernanda apresentaram um requerimento para CPI Mista entre a Câmara e o Senado.
    • Em conversas entre governistas e oposição, a CPI Mista teve mais adesão dos parlamentares, mas não foi unanimidade.
    • O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, acionou o STF contra o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para a instalação da CPI do INSS.

    Baixa adesão de governistas

    A maioria dos parlamentares da base de Lula não aderiu ao requerimento de criação da CPI Mista do INSS. A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e o senador Fabiano Contarato (PT-ES) são exceções de congressistas governistas que assinaram o pedido de abertura da CPI.

    Segundo petistas, a bancada do PT chegou a cogitar a aderir à abertura da comissão, como uma forma de frear o impacto de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre as fraudes no INSS, que circulou nas redes sociais no início de maio e atingiu mais 100 milhões de visualizações. Os parlamentares, porém, recuaram ao avaliar o risco de desgaste ao governo.