MAIS

    Otan confirma que países gastarão 5% do PIB em defesa devido à Rússia

    Por

    O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, confirmou, nesta segunda-feira (23/6), que os países-membros da aliança terão que aumentar seus gastos mínimos em defesa para 5% do PIB. A decisão, disse Rutte em entrevista coletiva, tem o aval de todos membros.

    “O plano de investimento em defesa que os aliados aprovarão em Haia estabelece uma nova base: 5% do PIB a serem investidos em defesa. Isso representa um salto gigantesco, ambicioso, histórico e fundamental para garantir nosso futuro”, afirmou Rutte, na abertura da Cúpula da Otan, em Haia, Holanda, que ocorrerá entre estas terça-feira (24/6) e quarta-feira (25/6).

    Segundo Rutte, o incremento dos investimentos em defesa é justificável pela postura da Rússia: “Vemos diariamente o terror mortal da Rússia vindo do céu sobre a Ucrânia e devemos ser capazes de nos defender contra esse tipo de ataque”.

    Leia também

    O secretário disse que os países-membros da Otan fornecerão mais de 35 bilhões de euros (cerca de R$ 221 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia neste ano.

    Irã sem bomba nuclear

    Sobre o Irã, em guerra contra Israel e EUA, Rutte foi enfático: “No que diz respeito à posição da Otan em relação ao programa nuclear do Irã, os aliados concordam há muito tempo que o Irã não deve desenvolver uma arma nuclear”, disse.

    A Otan chegou a um acordo nesse domingo (22/6) sobre o aumento dos gastos militares de até 5% de cada PIB nacional. O chefe do governo da Espanha, no entanto, assegurou que seu país não terá de acompanhar essa meta.

    Desde sexta-feira (20/6), os diplomatas da Otan mantiveram intensas negociações para ajustar a proposta de um aumento para 3,5% do PIB para gastos militares na próxima década, mais 1,5% para temas relacionados à defesa.

    A Otan pretende que a cúpula em Haia sirva para oficializar essa meta de uma elevação drástica dos gastos militares, como exige o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano pediu que os países passem do atual nível de 2% de cada PIB para 5%, um salto que, para muitos países da aliança, representa um esforço descomunal.

    Irracional e contraproducente

    Na quinta-feira (19/6), o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, havia enviado uma carta a Rutte afirmando que um salto dessa magnitude não era apenas “irracional”, mas também “contraproducente”.

    A carta de Sánchez deixou todos em suspense porque colocou sob ameaça a meta central da cúpula, o acordo sobre o aumento dos gastos militares, para satisfazer Trump.

    “É um direito legítimo de cada governo decidir se estamos ou não estamos dispostos” aos sacrifícios necessários para apoiar esse aumento dos gastos militares. “Como um aliado soberano, decidimos que não vamos fazê-lo”, advertiu.

    Depois isso, diplomatas dos 32 países da aliança mantiveram contatos permanentes para tentar encontrar uma saída.

    Em Madri, Sánchez confirmou o acordo neste domingo, mas reforçou que a Espanha não estará obrigada a seguir os demais países no aumento dos gastos militares.

    “A Espanha acaba de alcançar um acordo com a Otan (…) que nos permitirá cumprir nossos compromissos com a aliança (…) sem ter de aumentar nosso gasto de defesa até 5% do Produto Interno Bruto”, disse. “Respeitamos (…) o desejo legítimo de outros países de aumentar o seu investimento em defesa, se assim o quiserem, mas nós não vamos fazê-lo”, expressou o chefe do governo espanhol.

    Com informações do portal RFI, parceiro do Metrópoles.