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    Paciente mais jovem com Alzheimer teve sinais aos 17 anos. Saiba quais

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    Um jovem chinês é considerado o paciente mais novo a receber o diagnóstico de Alzheimer. Ele descobriu a doença aos 19 anos, dois anos após apresentar os primeiros sinais da doença.

    Casos como o dele são extremamente raros. O mais comum é que os pacientes apresentem os primeiros sinais na terceira idade. As ocorrências com início precoce representam apenas 10% de todos os diagnósticos e, ainda assim, costumam acontecer com idade mais avançada em relação a do adolescente, por volta dos 30 anos.

    O que é o Alzheimer?

    • O Alzheimer é uma doença que afeta o funcionamento do cérebro de forma progressiva, prejudicando a memória e outras funções cognitivas.
    • Ainda não se sabe exatamente o que causa o problema, mas há indícios de que ele esteja ligado à genética.
    • É o tipo mais comum de demência em pessoas idosas e, segundo o Ministério da Saúde, responde por mais da metade dos casos registrados no Brasil.
    • O sinal mais comum no início é a perda de memória recente. Com o avanço da doença, surgem outros sintomas mais intensos, como dificuldade para lembrar de fatos antigos, confusão com horários e lugares, irritabilidade, mudanças na fala e na forma de se comunicar.

    Sintomas de Alzheimer aos 17 anos

    Em um artigo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, em 2023, os médicos do rapaz contam que ele começou a apresentar piora da memória por volta dos 17 anos, com os sintomas se agravando com o tempo.

    De acordo com os pesquisadores da Universidade Médica da Capital de Pequim, no início, o adolescente tinha dificuldade de concentração nas aulas. A leitura também se tornou difícil e a memória de curto prazo piorou. O rapaz não conseguia lembrar o que tinha feito no dia anterior e estava sempre perdendo os próprios pertences.

    Exames cerebrais mostram o encolhimento no hipocampo — uma região envolvida na memória —, enquanto o líquido cefalorraquidiano mostrou biomarcadores consistentes com Alzheimer.

    Um ano após ser encaminhado para a clínica de memória, ele apresentou perdas na memória imediata, na memória de curto prazo depois de três minutos e na memória de longo prazo após 30 minutos.

    O declínio cognitivo tinha se tornado tão grave que ele não conseguiu terminar o ensino médio. Apesar disso, os médicos dizem que ele ainda podia viver de forma independente.

    Testes clínicos mostraram que a pontuação de memória de trabalho foi 82% menor do que a de colegas da mesma idade. Esse marcador indica a capacidade de uma pessoa de reter e manipular informações por um curto período de tempo.

    A pontuação de memória imediata foi 87% menor. Essa também se refere ao curto prazo, mas é um armazenamento temporário de informações sensoriais.

    8 imagensPor ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista  Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoceNa fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do anoDesorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doençaAlém disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comunsFechar modal.1 de 8

    Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas

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    Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista

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    Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce

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    Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano

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    Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença

    OsakaWayne Studios/ Getty Images6 de 8

    Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns

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    Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doença

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    O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida

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    Caso raro

    Os diagnósticos de Alzheimer antes dos 30 anos são, geralmente, associados a mutações genéticas patológicas. Esses pacientes são classificados como portadores de Alzheimer familiar. Segundo os pesquisadores, quanto mais jovem a pessoa é diagnosticada, maior é a probabilidade de a doença ser causada por um gene defeituoso herdado.

    Mas esse não foi o caso do adolescente chinês. Os pesquisadores não conseguiram encontrar nenhuma das mutações relacionadas ao início precoce da perda de memória, nem nenhum gene suspeito no genoma dele. Além disso, nenhum membro da família do jovem de 19 anos tinha histórico de Alzheimer ou demência.

    “O paciente tinha Alzheimer de início muito precoce, sem mutações patogênicas claras, o que sugere que sua patogênese ainda precisa ser explorada”, escreveram os neurologistas.

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