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“País sério”, “insanidade”: humoristas reagem à condenação de Leo Lins

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“País sério”, “insanidade”: humoristas reagem à condenação de Leo Lins

Humoristas brasileiros estão indo às redes repercutir a condenação de Leo Lins, sentenciado a oito anos e três meses de prisão em regime fechado por proferir discursos preconceituosos contra diversas minorias. Comediantes como Antonio Tabet, Thiago Ventura e Jonathan Nemer comentaram o caso. Políticos também comentaram a decisão da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo (veja mais abaixo).

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Léo Lins

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Lins tem trajetória marcada por polêmicas

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Humorista Léo Lins

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Leo Lins está sendo processado por fotógrafo

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Leo Lins em entrevista a Leo Dias (Reprodução: YouTube)

Leo Lins em entrevista a Leo Dias (Reprodução: YouTube)

O ator, publicitário, roteirista e humorista Antonio Tabet, conhecido por ser um dos criadores do canal Porta dos Fundos, chamou a decisão da Justiça de “absurda”.

“Pode-se não achar a menor graça ou até detestar as piadas de Leo Lins, mas condená-lo à prisão por elas é uma insanidade e um desserviço. Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida”, afirmou em publicação no X.

O comediante Jonathan Nemer, também no X, afirmou que “essa é a merda que acontece no Brasil… um país que leva a sério piadas que humoristas contam nos shows, e levam na brincadeira o que políticos fazem”.

Quem também criticou a condenação foi o humorista Renato Albani. “Você acha que você [vive] num país sério? Então veja isso aqui”, escreveu no Instagram, para em seguida postar a print de uma reportagem sobre o caso.

Thiago Ventura publicou um vídeo breve no Instagram, com print de manchete que noticia a condenação de Leo Lins. O humorista disse apenas que “não é possível não, pô”, e escreveu na legenda da publicação: “É o que?”. Muitos seguidores do comediante rechaçaram o posicionamento nos comentários da postagem.

O apresentador Danilo Gentili não publicou uma manifestação própria sobre o caso, mas compartilhou postagens que apoiam o humorista sentenciado à prisão. Os dois trabalharam juntos no programa The Noite com Gentili até 2022, quando Lins foi demitido do SBT por fazer uma piada capacitista.

Políticos também reagiram à condenação

Além de humoristas, políticos também prestaram apoio a Leo Lins após a condenação. O vereador de São Paulo Lucas Pavanato (PL) comparou a sentença do comediante ao período que o MC Poze do Rodo passou preso temporariamente no Rio de Janeiro, investigado por associação com a facção criminosa Comando Vermelho. O músico ficou quatro dias preso e foi solto nesta terça (3/6) após ter habeas corpus concedido pela Justiça.

A comparação também foi usada por Amanda Vettorazzo (União Brasil), colega de Pavanato na Câmara Municipal de São Paulo. A vereadora afirmou que “esse país acabou” após a condenação de Leo Lins.

O político João Amoêdo, ex-presidente do partido Novo, disse não conhecer o humorista e o teor de suas piadas. Apesar disso, chamou a decisão da Justiça 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo de “completo absurdo”.

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O ator, publicitário, roteirista e humorista Antonio Tabet, conhecido por ser um dos criadores do canal Porta dos Fundos, chamou a decisão da Justiça de “absurda”.

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Comediante Renato Albani questionou “você acha que você num país sério (sic)?”, e em seguida compartilhou notícia da condenação de Leo Lins.

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O comediante Jonathan Nemer, também no X, afirmou que “essa é a merda que acontece no Brasil… um país que leva a sério piadas que humoristas contam nos shows, e levam na brincadeira o que políticos fazem”.

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Lucas Pavanato (PL) comparou a sentença do comediante ao período que o MC Poze do Rodo passou preso temporariamente no Rio de Janeiro, investigado de associação com a facção criminosa Comando Vermelho

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Comediante Oscar Filho foi irônico ao comparar situações criminais de MC Poze do Rodo e Leo Lins.

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A vereadora Amanda Vettorazzo afirmou que “esse país acabou” após a condenação de Leo Lins.

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Thiago Ventura publicou vídeo breve após condenação de Leo Lins na Justiça.

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Sem posicionamento próprio até a publicação desta reportagem, Danilo Gentili compartilhou conteúdos que apoiam Leo Lins após repercussão da condenação.

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Gentili e Leo Lins trabalharam juntos no SBT. Lins foi demitido da emissora após ter feito uma piada em que cita o Teleton e uma criança com hidrocefalia durante um show de stand up.

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Político João Amoêdo também defendeu o humorista.

Condenação

Leo Lins foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por falas veiculadas em um vídeo de uma de suas apresentações. O conteúdo foi publicado no YouTube em 2022.

O réu também terá que pagar multa equivalente a 1.170 salários mínimos (valor da época da publicação das imagens), aproximadamente R$ 1,4 milhão, além de indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. Cabe recurso contra a sentença.

Leia também

O que diz a defesa

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Humorista Léo Lins

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Léo Lins criticou Juliana Oliveira

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Léo Lins e Danilo Gentili

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Em 2018, participou do filme Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro, ao lado de Gentilli e Murilo Couto. Dois anos depois, integrou o elenco do spin off Exterminadores do Além (2021), série exibida pelo SBT

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Léo Lins com os ex-colegas do The Noite, incluindo Danilo Gentili

Divulgação
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Em 2011, chamou atenção do também humorista Danilo Gentilli e passou a fazer parte do elenco do talk show Agora é Tarde, à época apresentado por Gentilli. Devido ao sucesso do programa da Band, Lins viu a demanda de shows aumentar e aproveitou para mudar sua identidade visual e piadas

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que ainda não tem nome definido e estreia em Brasília

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Declarações contra minorias

O vídeo que gerou a condenação de Leo Lins foi gravado em 2022, durante show chamado “Leo Lins – PERTURBADOR”. Nele, o comediante profere uma série de declarações contra negros, idosos, obesos, pessoas que vivem com HIV, indígenas, nordestinos, judeus, evangélicos, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIA+.

Em agosto de 2023, segundo o processo, a publicação já ultrapassava 3 milhões de visualizações quando foi suspensa por decisão judicial. A sentença destaca que a disponibilização do vídeo na internet e a grande quantidade de pessoas que foram atingidas pelas supostas piadas foram fatores considerados para a pena aplicada.

Foi levado em consideração também o fato de que os discursos ocorreram em contexto de descontração, diversão ou recreação.

“Ao longo do show, o réu admitiu o caráter preconceituoso de suas anedotas, demonstrou descaso com a possível reação das vítimas e afirmou estar ciente de que poderia enfrentar problemas judiciais”, consta na decisão.

A sentença da Justiça Federal de São Paulo destaca que os discursos de Leo Lins “estimulam a propagação de violência verbal na sociedade e fomentam a intolerância” e que atividades artísticas não são “passe-livre” para cometimento de crimes, “assim como a liberdade de expressão não é pretexto para o proferimento de comentários odiosos, preconceituosos e discriminatórios”.

As condutas do comediante se enquadram nas Leis 7.716/1989, que define crimes de preconceito de raça ou cor, e 13.146/2015, de crimes contra pessoas com deficiência.

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