MAIS

    PF diz que Ramagem atuou para blindar Bolsonaro de investigação

    Por

    A Polícia Federal (PF) aponta, em relatório que integra o inquérito sobre a “Abin Paralela”, que o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), deputado federal Alexandre Ramagem, teria adotado manobras para ocultar o uso ilegal da ferramenta de espionagem FirstMile e evitar desgaste político ao então presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022.

    De acordo com o relatório, cujo sigilo foi retirado nesta quarta-feira (18/6) pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, servidores da Abin ameaçaram revelar o uso da ferramenta FirstMile para monitorar adversários políticos de Bolsonaro, inclusive agentes da própria agência.

    Resumo dos fatos

    • A Polícia Federal (PF) aponta que o ex-diretor da Abin, deputado federal Alexandre Ramagem, teria adotado manobras para ocultar o uso ilegal da ferramenta de espionagem FirstMile.
    • O objetivo era evitar desgaste político ao então presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022.
    • O relatório revela que servidores da Abin ameaçaram expor o uso desvirtuado do FirstMile.
    • Como resposta, Ramagem teria adotado uma manobra para retardar o Processo Administrativo Disciplinar.
    • Essa manobra ocorreu próximo ao prazo para Ramagem se desincompatibilizar e concorrer a deputado federal.
    • A ação visava ganhar tempo para evitar a exposição do caso durante as eleições
    • O episódio ficou conhecido como “chantagem institucional” entre os servidores da agência.
    • O caso não foi exposto durante as eleições, e Ramagem foi eleito deputado federal.

    Como resposta, o então diretor-geral teria adotado uma manobra para retardar o processo disciplinar aberto pelos servidores, devolvendo-o à fase de diligências próximo ao prazo para sua desincompatibilização e candidatura a deputado federal.

    “O diretor-geral, então, nas proximidades do prazo para se desincompatibilizar e concorrer ao cargo de deputado federal, adotou manobra no PAD [Processo Administrativo Disciplinar] já relatado pela demissão para retorná-lo à fase de diligências, para ganhar tempo e passar as eleições gerais”, sustenta o documento da PF.

    A manobra teria como objetivo ganhar tempo e evitar a exposição do caso durante o período eleitoral, protegendo assim a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, que havia indicado Ramagem para o cargo na Abin.

    O episódio ganhou o apelido de “chantagem institucional” entre os servidores da agência. Somente em 2023, com a divulgação de um segundo relatório, a ferramenta foi exposta na imprensa, após servidores em vias de demissão denunciarem o caso, o que resultou na instauração do atual inquérito policial.

    Não houve exposição do caso durante as eleições, e Ramagem foi eleito deputado federal.