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    Plantas conversam? Saiba como elas se defendem de ameaças

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    Cada vez mais, a ciência descobre que o reino vegetal é muito mais ativo, sensível e conectado do que se imaginav0a. Há uma rede química, elétrica e subterrânea por onde as plantas se comunicam, compartilham alertas e até pedem socorro.

    De acordo com Raquel de Oliveira, professora de biologia do colégio Católica Padre de Man, em Minas Gerais, a comunicação entre espécies vegetais ocorre por meio da liberação de substâncias voláteis, sinais elétricos e até pela conexão com fungos presentes no solo.

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    “As plantas realmente se comunicam entre si. Esse termo não é apenas metafórico, mas reflete interações reais através de sinais químicos e elétricos”, afirma a professora.

    Como as plantas se comunicam

    A comunicação entre plantas ocorre por meio de sinais imperceptíveis a olho nu. As folhas e flores liberam compostos voláteis no ar que funcionam como alertas para outras plantas ao redor. O cheiro pode ser agradável ou não, dependendo do objetivo: atrair polinizadores, afastar herbívoros ou avisar sobre uma ameaça.

    É uma estratégia evolutiva refinada, segundo a professora de biologia Laís Muryel, do colégio Marista Champagnat, de Brasília. “São formas de comunicação que as plantas desenvolveram ao longo do seu processo de evolução. Às vezes são perfumes agradáveis para o nosso olfato, outras vezes não, mas atraem os animais certos”, explica.

    Imagem de folhas de uma planta em fluorescencia - MetrópolesCientistas registraram plantas “comunicando” entre si e alertando sobre perigos

    Brisa Eliane Granados, professora de biologia na escola Atual, em Brasília, explica que os sinais de comunicação podem ser compostos liberados no solo pelas raízes ou dispersos no ar por flores e folhas.

    Pelas raízes, a troca acontece no solo, com ajuda de fungos e microrganismos que criam redes subterrâneas, conhecidas como micorrizas, conectando plantas diferentes como se fosse uma teia de fios vivos. Esse cabo de comunicação permite o envio de sinais de estresse, aviso de pragas, pedido de nutrientes e até informações sobre mudanças no ambiente, como escassez de água.

    “Temos vários estudos e até documentários que mostram a comunicação por meio de micorrizas, elas vão criando redes de comunicações fantásticas, principalmente em regiões florestais”, explica a professora.

    Além dos compostos químicos, há também sinais elétricos que atravessam as células vegetais em situações de dano ou perigo. Embora não tenham neurônios, as plantas geram impulsos que avisam o restante do organismo sobre a área afetada, de forma semelhante ao sistema nervoso dos animais, mas em ritmo mais lento e por estruturas totalmente diferentes.

    Por que as plantas se comunicam

    A comunicação entre plantas é uma estratégia evolutiva essencial para a sobrevivência. Ao conversarem, elas conseguem avisar umas às outras sobre a presença de predadores, pragas ou condições ambientais desfavoráveis.

    Essa troca de informações permite que ativem mecanismos de defesa a tempo, como produzir substâncias tóxicas, alterar o sabor das folhas ou atrair insetos que atacam os invasores.

    Além da autodefesa, essa rede de sinais pode beneficiar o coletivo: plantas da mesma espécie, ou até de espécies diferentes, compartilham informações que ajudam toda a comunidade a resistir melhor ao estresse do ambiente.

    Há ainda casos em que se estabelecem relações de cooperação, uma vez que raízes conectadas por fungos transmitem nutrientes e avisos de seca, permitindo uma gestão mais eficiente dos recursos.

    Essas descobertas recentes vêm ampliando a forma como a ciência observa o reino vegetal. O que se revela é uma rede de seres vivos adaptáveis, que percebem, reagem, interagem e até influenciam o comportamento de outros organismos ao redor.

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