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Por que Ney Matogrosso só foi beijado pelo pai aos 27 anos

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Por que Ney Matogrosso só foi beijado pelo pai aos 27 anos

Em uma recente entrevista ao programa Sem Censura, Ney Matogrosso relembrou momentos marcantes — e por vezes dolorosos — da relação com o pai, um militar rígido que rejeitava sua veia artística. A conversa ganhou força nas redes após a estreia de Homem com H, filme sobre a trajetória do cantor, no streaming.

“Eu não te respeito. Tenho medo de você, mas medo passa”

Ney contou que, ainda criança, demonstrava talento para o desenho e pediu ao pai para estudar pintura. A resposta foi imediata: “Filho meu não vai ser artista.” A repressão era constante, e se intensificou na adolescência.

Aos 17 anos, depois de desobedecer uma punição, foi alertado pelo irmão de que o pai vinha atrás dele com um revólver. “Ele foi pra guerra, eu não ia enfrentar uma arma”, disse. O episódio aconteceu em Campo Grande (MS), onde a família vivia em uma vila militar.

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Ney Matogrosso e Cazuza jovens

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Ney Matogrosso durante o serviço militar

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Jesuíta Barbosa como Ney Matogrosso em Homem com H

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Marco de Maria, médico que foi casado com Ney e morreu em decorrência do HIV

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Jesuíta Barbosa e Ney Matogrosso

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Figurino de Jesuíta

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Ney Matogrosso com Esmir Filho no set

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Esmir Filho nas filmagens de Homem com H

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Jullio Reis como Cazuza na performance de O Tempo Não Para

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Cazuza e Ney Matogrosso em filme Homem com H

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Jesuíta Barbosa caracterizado com figurino usado para a performance de Bandido Corazón

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Jesuíta sendo preparado para entrar em cena

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Jesuíta Barbosa como Ney Matogrosso em Homem com H

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Jesuíta Barbosa como Ney Matogrosso em Homem com H

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SP: fim de semana tem Ney Matogrosso e feira de produtos artesanais

LEONARDO SOARES/ ESTADÃO CONTEÚDO

Em outro momento, Ney enfrentou o pai com coragem: “Eu não te respeito, tenho medo de você. Mas medo passa.”

Ele também relembrou episódios de agressão: “Ele me batia tanto que a vizinhança começou a gritar. Ele queria que eu chorasse, e eu não chorava. Minha mãe jogava um espanador e eu chorava, mas pra ele, não.”

Um beijo mudou tudo

A transformação na relação começou anos depois, já em São Paulo. Pobre, mas feliz com sua independência, Ney conta que o pai não compreendia suas escolhas: “Ele dizia: ‘Volta pra casa, eu te arranjo um emprego’. Eu dizia: ‘Não quero. Sou dono da minha vida.’”

O ponto de virada veio aos 27 anos, na despedida entre os dois em frente ao antigo prédio do jornal Estadão. Ney, que sempre beijava os amigos ao se despedir, fez o mesmo com o pai. “Foi instintivo. Era meu pai. E aquilo mudou tudo.”

A partir daquele gesto, os dois passaram a se beijar sempre que se encontravam. “Ele nunca tinha beijado nenhum filho, nem as meninas. Mas depois daquele dia, ele começou a me beijar também.”

Perdão e cuidado até o fim

Nos anos finais, Ney cuidou do pai, diagnosticado com câncer de pulmão. “Ele só gostava de sorvete. Eu ia lá, comprava e sentava com ele pra conversar.” Durante esse período, veio o perdão: o pai reconheceu que foi duro demais e pediu desculpas pela forma como criou os filhos.

“Imagina, eu cuidava dele. Não guardei ressentimento. Era meu pai, antes de tudo.”

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