Professores respondem por 74% dos casos de assédio sexual e condutas de conotação sexual dentro das universidades e institutos federais (IFs) brasileiros. A informação foi levantada pelo Metrópoles após análise de 128 processos administrativos disciplinares (PADs) instaurados nas instituições de ensino federais nos últimos dez anos.
Obtidos com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), os PADs revelam que estudantes, professoras e funcionárias têm sido vítimas de constrangimentos, agressões e até estupros em câmpus de todo o Brasil. As histórias estão reunidas na reportagem O assédio sexual nos câmpus em 128 atos, publicada nesta terça-feira (24/6).
De acordo com os documentos, 98 professores e 34 funcionários do quadro técnico das instituições de ensino federal foram responsabilizados por condutas inapropriadas. Emtre os 132 servidores punidos, 72 foram demitidos ou tiveram a aposentadoria cassada – sanção mais grave, 46 foram suspensos e 17 receberam advertências. Há docentes que foram acusados masi de uma vez e, por isso, receberam mais de uma punição.
Os casos analisados envolvem ao menos 265 vítimas, que sofreram algum grau de abuso ou importunação.
Faixa etária
Os professores e os servidores investigados nos PADs tinham entre 26 e 67 anos à época da punição. O grupo com faixa etária de 40 a 49 anos foi o que apresentou maior número de acusações, com 45 casos, seguido da faixa etária entre 30 e 39 anos, com 35 ocorrências.
Reincidência
Os PADs são investigações conduzidas no âmbito da administração pública para apurar denúncias de condutas de servidores que possam ter contrariado as funções e as atribuições previstas em lei.
As punições decorrentes desses processos variam entre advertência, suspensão (que pode ser convertida em multa), demissão e cassação da aposentadoria. Entre os processos analisados, verificou-se três professores reincidentes, que foram punidos mais de uma vez.
A maioria das vítimas são estudantes do sexo feminino, mas também foram instaurados PADs para apurar assédios e constrangimentos contra alunos, professoras, funcionárias e estagiárias.
No caso dos IFs, que são dedicados a cursos técnicos e ao ensino médio, as vítimas geralmente tinham menos de 18 anos. Também ocorreram situações em colégios administrados por universidades, nos quais as estudantes tinham idades entre 14 e 15 anos.
Os PADs revelam que não há um padrão de comportamento entre os assediadores. Alguns se excedem em elogios e olhares, outros apostam nas piadas de duplo sentido ou em convites despropositados. Também há os que tentam enredar as estudantes em relacionamentos e até os que as perseguem.