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    Saiba por que os EUA criam moscas geneticamente modificadas no México

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    O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou que planeja produzir 100 milhões de moscas geneticamente modificadas, a cada semana, no México.

    O objetivo da iniciativa anunciada em 27 de maio, segundo o governo americano, é deter um colapso na produção de gado que se estende do México ao Panamá por conta da proliferação de uma mosca que é um parasita letal para vacas. O inseto come os tecidos desses animais enquanto eles ainda estão vivos.

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    Essas parasitas letais para o gado são conhecidas como a bicheira do Novo Mundo e estão se espalhando na América Latina desde 2024. A estratégia de envio de milhões de moscas geneticamente modificadas aos países vizinhos tem o objetivo de tornar a espécie estéril e deter, assim, o avanço da doença.

    “Estamos fazendo esforços 24 horas por dia para proteger nossos animais, nossa economia agrícola e a segurança do suprimento alimentar do nosso país”, afirma a secretária de agricultura dos EUA, Brooke L. Rollins.

    Ela anunciou o investimento de US$ 21 milhões na modernização de uma fábrica de produção de moscas no estado de Chiapas, no Sul do México. A instalação, localizada em Metapa, poderá produzir até 100 milhões de moscas estéreis por semana.

    Moscas como arma biológica

    A técnica utilizada, conhecida como inseto estéril, consiste em liberar moscas geneticamente modificadas, incapazes de se reproduzir. Ao copularem com fêmeas férteis, elas impedem a formação de novas larvas, literalmente “ocupando o espaço”.

    A espécie está amplamente distribuída no Brasil, sendo registrada em diversos biomas do país. Ela é monitorada constantemente pelas autoridades sanitárias e não há registros recentes de surtos relacionados à sua proliferação.

    As operações já ocorrem no Panamá, com apoio da Comissão COPEG, que atua desde 2006. Essa unidade é atualmente responsável pela liberação de até 100 milhões de moscas por semana em voos sobre América Central e Sul do México.

    Fechamento da fronteira e comércio em risco

    Com a nova unidade mexicana, o USDA espera dobrar essa capacidade. O objetivo é frear o avanço da Cochliomyia hominivorax, cuja presença foi confirmada novamente em território mexicano em novembro de 2024.

    Desde então, os EUA suspenderam temporariamente a importação de gado mexicano. A larva foi identificada em Chiapas, estado vizinho à Guatemala. As restrições continuam, com reavaliações mensais.

    A bicheira do Novo Mundo devora tecidos vivos de mamíferos. As fêmeas depositam ovos em feridas abertas; as larvas nascem e penetram na carne. Em casos graves, a infestação pode levar o animal à morte.

    Casos da bicheira foram registrados, desde 2023, em Costa Rica, Nicarágua, Honduras e, mais recentemente, na Guatemala e no México. Os surtos seguem uma rota que coincide com o tráfico ilegal de gado.

    A larva-da-bicheira foi erradicada dos EUA no final do século XIX e, desde então, mantida fora do país com campanhas custosas de erradicação. Desde 1966, o controle com moscas estéreis tem protegido o rebanho americano.

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