Fundada pelo empresário Ogari Pacheco, suplente e maior doador da campanha do vice-presidente do Senado, Eduardo Gomes (PL-TO), a farmacêutica Cristália assinou 319 contratos com o governo federal desde 1º de fevereiro de 2019, data em que a chapa tomou posse no Senado. Os acordos somam R$ 2,8 bilhões.
Do total, 147 contratos [R$ 1,3 bilhão] foram fechados entre 2019 e 2022, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando Eduardo Gomes era líder do governo no Congresso. Já durante o governo Lula (PT), que teve início em janeiro de 2023, foram fechados 172 acordos [R$ 1,5 bilhão].
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Fundador da farmacêutica e suplente do senador Eduardo Gomes, Ogari Pacheco, com o então presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco
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Farmacêutica bancou campanha de Eduardo Gomes por meio de dois sócios
Jefferson Rudy/Agência Senado3 de 4
No governo Lula, a farmacêutica faturou 172 contratos, cujo valor total soma R$ 1,5 bilhões
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto4 de 4
O ex-presidente Jair Bolsonaro
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
Ogari doou R$ 1,6 milhão à campanha do senador Eduardo Gomes na eleição de 2018. Sua sócia no laboratório, Íris Scussel Stevanato, também contribuiu com R$ 300 mil. Juntos, os dois responderam por 77% do financiamento eleitoral do parlamentar.
Em julho de 2022, o empresário chegou a assumir a cadeira do titular durante uma licença de 121 dias. Na posse, cercado por familiares e aliados, prometeu atuar para reduzir a dependência brasileira de medicamentos importados.
“Quero retirar do país a dependência crônica de insumos estratégicos. Estamos importando mais de 90% do consumo de medicamentos”, declarou, em discurso ao então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
Problemas com órgãos de regulação
Apesar do faturamento bilionário, a empresa enfrentou problemas com órgãos de regulação. Em 2021, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), ligada à Anvisa, instaurou um processo administrativo para apurar uma suspeita de comercialização de medicamentos acima do teto estabelecido. Ao final, a Anvisa constatou que os valores propostos pela empresa não haviam ultrapassado o teto da Tabela CMED.
Com 129 patentes registradas, a Cristália se consolidou como um dos maiores complexos farmacêuticos do país e figura entre as principais fornecedoras do Sistema Único de Saúde (SUS).
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Antes de entrar na política, Ogari presidiu a Associação Paulista de Medicina (APM) e a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina).
Senador e Cristália se posicionam
Procurado, o senador Eduardo Gomes disse que não tem ligação com a Cristália, mas apenas com o suplente de sua chapa.
A Cristália, por sua vez, declarou que “não há conflito de interesse” entre as atividades empresarial e parlamentar de Ogari Pacheco.
“Na qualidade de senador suplente, Dr. Ogari Pacheco contribuiu dentro de sua especialidade, como é esperado de um parlamentar, ajudando a estruturar o Projeto de Lei nº 1505/2022, que estabelece os mecanismos de estímulo ao Complexo Econômico e Industrial da Saúde. É fato que o Brasil precisa reduzir a dependência externa de medicamentos, sendo que o Dr. Pacheco, fundador e atual presidente executivo do Cristália, já fez esta declaração em diversas entrevistas publicadas na imprensa”, informou a empresa.