Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) 2024, divulgada pelo IBGE, revelam que a necessidade de trabalhar é o principal motivo que leva jovens brasileiros a deixarem a escola. A pesquisa afirma que 42% dos jovens de 14 a 29 anos que abandonaram os estudos ou nunca frequentaram a escola citaram o trabalho como razão para a evasão.
A situação escancara o conflito entre estudo e sustento, principalmente entre os adolescentes e jovens adultos que precisam contribuir com a renda familiar.
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O dado escancara uma realidade estrutural do país: a permanência na escola ainda é um privilégio para muitos brasileiros.
A evasão tem gênero
Entre as mulheres, os motivos para abandonar os estudos se distribuem de forma diferente. Embora o trabalho ainda seja a principal razão, outras causas ganham destaque: gravidez precoce e desinteresse.
Os dados do IBGE indicam que a evasão feminina está ligada a questões específicas de gênero, como a maternidade precoce, que interfere diretamente na permanência escolar.
A pesquisa ressalta que a ausência de políticas públicas eficazes para acolher mães adolescentes nas escolas contribui para esse cenário de abandono.
Além disso, o desinteresse aparece como um fator preocupante e recorrente entre os dois sexos, indicando falhas no modelo educacional em engajar os jovens.
Renda e desigualdade
A evasão escolar também é fortemente relacionada à renda. Jovens de famílias de menor poder aquisitivo são os mais atingidos, por enfrentarem maior pressão para ingressar precocemente no mercado de trabalho. Em muitos casos, a opção entre “estudar ou comer” é literal.
A evasão contribui para o chamado ciclo da pobreza: quanto menos estudo, menor o acesso a empregos formais e bem remunerados — o que, por sua vez, perpetua a desigualdade.
Impactos na educação e no mercado de trabalho
O abandono escolar precoce impacta diretamente os indicadores de qualificação da força de trabalho. Jovens que deixam a escola antes de concluir o ensino médio enfrentam mais dificuldades para ingressar no ensino superior e alcançar mobilidade social.
Conforme os dados da PNAD, a taxa de escolarização líquida no ensino médio, ou seja, jovens de 15 a 17 anos que estão na etapa correta ou já a concluíram, foi de somente 76,7% em 2024 — um valor ainda distante da universalização prevista no Plano Nacional de Educação (PNE).