Como uma metralhadora de decisões, cinco meses após reassumir a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump vem conduzindo o governo como quem joga xadrez com dinamite — ou seja, brincando com fogo. Desde janeiro, tem emitido decretos em série, provocado crises diplomáticas e tentando intermediar guerras, mas tensionado ainda mais.
Apesar do curto período, o republicano já coleciona embates com universidades, decisões radicais sobre imigração e tarifas que abalaram o comércio global. Ele, ainda, envolveu os EUA em conflitos armados e decidiu sancionar autoridades internacionais.
Os momentos em que Trump sacudiu o mundo e fizeram parecer que ele está brincando com o tabuleiro global se enfileiram em uma grande prateleira. Confira os mais marcantes abaixo:
“Revogaço” sem precedentes
Assim que reassumiu o comando da Casa Branca, o republicano deu início a um “revogaço” em alta velocidade.
Foram dezenas de ordens executivas para desmantelar regulações ambientais, políticas de inclusão, regras de controle de armas e até acordos comerciais firmados na gestão anterior.
A estratégia tem sido clara: reescrever o país à sua imagem, apagando vestígios democratas do governo anterior.
Universidades sob ataque
A educação norte-americana não saiu ilesa do furacão Trump. Ele voltou a atenção contra universidades públicas, privadas e centros de pesquisa, acusando-os de promover “doutrinação esquerdista”.
Cortes de verbas federais foram anunciados como forma de “garantir a liberdade de expressão conservadora”. O impacto afetou diretamente bolsas, pesquisas e acesso ao ensino superior.
Bate-boca com Zelensky
O encontro entre Trump e Volodymyr Zelensky, em fevereiro, não foi exatamente diplomático.
Os presidentes dos Estados Unidos e da Ucrânia, protagonizaram uma discussão em frente às câmeras no Salão Oval da Casa Branca. Zelensky havia sido convidado para discutir o futuro da guerra travada contra a Rússia e o acordo sobre minerais de terras raras.
Durante o encontro, o líder dos EUA chegou a dizer que o ucraniano estava “brincando com a vida de milhões de pessoas”.
Trump exige fim do julgamento de Netanyahu: “Uma caça às bruxas”
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O presidente dos EUA, Donald Trump
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Governo Trump oferece U$1.000 para imigrante que deixar os EUA
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Donald Trump e Volodymyr Zelensky
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O presidente americano Donald Trump
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
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Tarifas e guerra comercial
A política protecionista sob a administração de Donald Trump ganhou nova força com a retomada de tarifas sobre aço, alumínio e produtos importados da China e de outros países.
O discurso de “America First” voltou com força total. Desta vez, no entanto, em meio a um cenário econômico instável, os impactos foram imediatos: bolsas oscilaram, parceiros comerciais reagiram, e o risco de uma guerra comercial voltou ao radar.
Tolerância zero: versão 2025
Trump relançou — desta vez com mais rigidez — sua política anti-imigração. A nova versão inclui detenções em massa, restrições a vistos de trabalho e estudo, e um reforço agressivo da patrulha de fronteiras.
Uma parte do muro com o México ganhou sensores e drones de vigilância, e o discurso voltou a criminalizar imigrantes em geral, com ênfase nos latino-americanos.
Sanções a autoridades internacionais
Em maio, o norte-americano abriu uma nova frente de ataque: autoridades judiciais ao redor do mundo. Seu governo ameaçou impor sanções econômicas e restrições de entrada a membros do Tribunal Penal Internacional.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi citado por aliados “trumpistas” como símbolo de “perseguição política”, em um discurso que mistura soberania e ultra conservadorismo.
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Trump e sua fama de “mediador” de guerras
Donald Trump ensaia uma posição curiosa: a de mediador de conflitos globais – que às vezes, tende a fomentar ainda mais.
Em mais de uma ocasião, o presidente norte-americano tentou se apresentar como peça-chave na resolução de guerras — como na guerra da Ucrânia e Rússia e, recentemente, em negociações paralelas entre Israel e Irã.
Em ambos os cenários, lançou propostas improvisadas de cessar-fogo e ofereceu os Estados Unidos como palco para acordos de paz.
A diplomacia, no entanto, veio carregada de críticas a aliados e, por vezes, ameaças veladas. A tentativa de se colocar como pacificador do planeta soa contraditória diante do rastro de escaladas militares e crises que ele mesmo ajudou a inflamar.
Bombardeio no Irã
Um dos momentos mais tensos fomentados pelo republicano, aconteceu nos últimos dias, quando os EUA lançaram um ataque aéreo contra instalações nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Isfahan — utilizando aeronaves B‑2 e mísseis de alta precisão
Dois dias depois, declarou-se mediador ao anunciar um “cessar‑fogo completo” entre Israel e Irã, em uma tentativa de se posicionar como líder global de paz.
Apesar das desconfianças mútuas, ele classificou a iniciativa como uma “vitória diplomática”, destacando o protagonismo norte-americano na resolução, embora suas ações aéreas tenham fomentado a escalada do conflito.