O governo da Ucrânia busca expandir suas missões diplomáticas em ao menos quatro países da América Latina, mas a situação com o Brasil, atualmente sem um embaixador ucraniano no país, segue incerta. A informação foi confirmada ao Metrópoles por fontes ligadas à chancelaria do país comandado por Volodymyr Zelensky.
Rusgas entre Brasil e Ucrânia
- Desde o início do governo Lula 3, o Brasil é alvo de críticas por parte da Ucrânia.
- Para o governo de Volodymyr Zelensky, gestos e falas do líder brasileiro são vistos como posicionamentos pró-Rússia.
- A situação entre os dois países escalou após Lula viajar à Rússia, no início de maio, para participar das comemorações do 80º aniversário do Dia da Vitória em Moscou.
- Na época, o governo ucraniano recusou ao menos duas tentativas de conversas telefônicas entre Lula e Zelensky.
- A tentativa de reaproximação de Lula com Zelensky foi vista por Kiev como um gesto de “cinismo”, com o objetivo de “mascarar” um possível novo sinal positivo a Putin.
- A diplomacia brasileira, no entanto, nega qualquer crise na relação entre os dois países. Fontes ouvidas pelo Metrópoles afirmam que o diálogo, a nível diplomático, funciona bem. O que o governo do Brasil tem buscado, acrescentaram, é o resgate da diplomacia presidencial entre Lula e Zelensky — que praticamente não têm diálogos desde o último ano.
- Na última cúpula do G7, no Canadá, um encontro entre os dois presidentes chegou a ser anunciado. A reunião, porém, não aconteceu devido a problemas de agenda.
A expectativa é de que embaixadas ucranianas sejam abertas no Equador, República Dominicana, Panamá e Uruguai, como forma de fortalecimento da política externa da Ucrânia na região.
Atualmente, as nações possuem apenas consulados honorários em seus territórios, que atuam no auxílio de ucranianos, mas com atuação limitada. Geralmente, tais postos não são chefiados por representantes diplomáticos, e seus serviços consulares formais — como emissão de passaportes e vistos — são prestados por embaixadas em países terceiros.
Em NY, em 2023, Lula se reuniu pela primeira vez com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
Ricardo Stuckert/PR2 de 3
Lula, Zelensky e suas equipes
Ricardo Stuckert/PR3 de 3
Arte/Metrópoles
Já a definição de um novo embaixador da Ucrânia para o Brasil segue incerta, segundo autoridades familiarizadas com o assunto.
Conforme antecipado pelo Metrópoles, a missão diplomática ucraniana no Brasil está sem um representante do primeiro escalão desde o início de junho, quando o diplomata Andrii Melnyk deixou o posto em Brasília para assumir a representação permanente da Ucrânia na Organização das Nações Unidas (ONU).
Por conta de insatisfações com o posicionamento do governo brasileiro sobre a guerra na Ucrânia, o governo de Volodymyr Zelensky decidiu não indicar um novo nome para assumir a embaixada ucraniana no Brasil.
No mundo diplomático, o gesto é visto como um sinal de descontentamento de um país em relação ao anfitrião da missão diplomática, assim como um rebaixamento nas relações entre duas nações.
A situação, contudo, pode mudar no fim de julho. A previsão, segundo fontes consultadas pela reportagem, é de que uma reunião com embaixadores ucranianos seja convocada pelo Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, para discutir a política externa do país.
Assim como a expansão diplomática na América Latina, o assunto relacionado ao Brasil deve estar na pauta das discussões e decisões.