A Cacau Show emitiu uma nota oficial após o Metrópoles revelar a realização de cerimônias comandadas pelo CEO e fundador da Cacau Show, Alê Costa, dentro do ambiente de trabalho, cuja ausência demonstraria falta de comprometimento com a empresa, o que levava a episódios de perseguição.
Leia também
-
Após negar perseguição, Cacau Show fecha loja de franqueada que denunciou “seita”
-
CEO da Cacau Show, Alê Costa envia carta para franqueados. Leia
-
Cacau Show: MPT ouve funcionários e ex-funcionários sobre abusos
-
Cacau Show: “Fui marcado que nem gado”, diz ex-funcionário que fez tatuagem igual à de CEO
No texto, a Cacau Show falou de “práticas espontâneas” como oração do “Pai Nosso” e ignorou os rituais descritos pelos funcionários, incluindo cerimônias com a promoção de tatuagens iguais à de Alê Costa, com a palavra “atitude”.
Confira o texto publicado:
“Comunicado Oficial Cacau Show
Da família Cacau Show a todos os brasileiros.
Nos últimos dias, fomos surpreendidos por publicações inverídicas sobre a Cacau Show que circulam na internet. São ataques injustos à nossa história, aos nossos valores e, principalmente, às milhares de pessoas que constroem a marca com integridade e amor.
Temos uma trajetória de mais de 37 anos, construída com trabalho sério, respeito, verdade e coragem.
Somos a maior rede de chocolates finos do mundo, a maior franqueadora do Brasil, com quase 5 mil lojas e mais de 22 mil pessoas em nosso ecossistema — e cada uma delas merece respeito.
É indignante e entristecedor a deturpação de alguns momentos simbólicos que são tão especiais para a nossa cultura.
A gratidão no fim do ano é uma prática espontânea, marcada por acolhimento e liberdade. A oração “Pai Nosso”, quando feita, é voluntária e respeitosa à liberdade de crença; Promovemos um ambiente de trabalho ético, incluso e que valoriza a diversidade.
O chamado “ritual do cacau” é uma vivência sensorial com o líquor de cacau — 100% cacau, não alcoólico –, oferecido como experiência cultural e gastronômica, inclusive em nossos hotéis. Uma forma de celebrar a nossa principal matéria-prima.
Nada disso fere valores — pelo contrário: reforça o que somos. Somos uma empresa humana, com alma, que ouve, que caminha junto, que constrói com coragem e verdade.
Com os franqueados, temos uma relação baseada em confiança e parceria de longo prazo — mais de 50% deles estão conosco há mais de 7 anos, representados por um maduro Conselho de Franqueados. Enfrentamos juntos o aumento de mais de 300% no preço do cacau, a instabilidade econômica e até um incêndio em nossa fábrica em Linhares.
E mesmo assim, seguimos crescendo. Investimos em logística, ampliamos a fábrica e estamos construindo um novo centro de distribuição. Não porque é fácil. Mas porque temos um propósito que nos move.
Vivemos para, juntos, tocar a vida das pessoas. E não vamos permitir que distorçam quem somos.
Nosso sucesso é fruto de paixão, trabalho e ética. Nós ouvimos as pessoas. Temos compromissos com a verdade. Seguimos trabalhando firme, sem segredo, sem mistério. Só trabalho e chocolates, mesmo”
6 imagens
Fechar modal.
1 de 6
2 de 6
3 de 6
4 de 6
5 de 6
6 de 6
Inquérito
O Ministério Público do Trabalho (MPT) em São Paulo abriu inquérito para investigar a Cacau Show. Como mostrou o Metrópoles, funcionários e ex-funcionários relatam situações constrangedoras, como participação em rituais corporativos, e abusos como proibição que colaboradoras engravidem e episódios de homofobia e gordofobia. De acordo com o MPT, “o procedimento está em fase de apuração”.
Como a coluna revelou, funcionários da Cacau Show relatam a realização de cerimônias comandadas pelo CEO dentro do ambiente de trabalho e cuja ausência demonstraria falta de comprometimento com a empresa, o que levava a episódios de perseguição. Os rituais incluem até a realização de tatuagens iguais a de Alê Costa, com a palavra “atitude”.
Denúncia formal apresentada ao MPT aponta ainda outras situações abusivas, como gordofobia, “com humilhações públicas e discriminação estética que afetam a autoestima e saúde mental das vítimas”; homofobia, “com relatos de perseguição e piadas ofensivas direcionadas a pessoas LGBTQIA+”; e assédio moral e sexual, “promovido por superiores hierárquicos e, em muitos casos, ignorado ou acobertado pela direção da empresa”.
A denúncia também fala sobre a realidade de medo e apreensão vivenciada pelos funcionários. “A maioria das vítimas tem medo de denunciar e sofre em silêncio, pois a franqueadora tem mão de ferro, e gosta de perseguir e retaliar não apenas franqueados, como funcionários e ex-funcionários que ousem falar sobre os abusos”, diz o documento.
2 imagens
Fechar modal.
1 de 2
Reprodução2 de 2
Material cedido ao Metrópoles