O vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Mello Araújo (PL), assume o cargo de prefeito pela segunda vez a partir deste sábado (21/6), quando Ricardo Nunes (MDB) viajou em missão oficial para a Itália.
Araújo ficará no cargo até o próximo dia 27, quando Nunes volta da viagem, na qual encontrará o papa Leão XIV. A primeira passagem do vice pelo comando da maior cidade do país foi marcado por uma série de polêmicas, que incluiu demissões e lançamento de projeto criticado pela oposição.
Polêmicas do vice
- O prefeito Ricardo Nunes viajou para a Ásia entre 20 de abril e 1º de maio, deixando Ricardo Mello Araújo pela primeira vez em seu lugar.
- Durante o período, ele demitiu secretário e dois servidores sem consultar o prefeito. A decisão irritou a base aliada de Ricardo Nunes.
- Ele ainda criou um bolsão de vagas sob o Minhocão, gerando críticas por se tratar de uma possível estratégia para remoção de moradores de rua e que supostamente poderia prejudicar temporariamente a ciclovia no local.
- No período, ele ainda deu declarações contrariando o prefeito, inclusive sobre a mudança de nome da GCM.
- Em uma entrevista, disse que sua função era “dar um chutinho nos secretários”.
O assunto mais marcante da passagem do vice pelo cargo em abril foi a demissão de um secretário executivo e outros dois servidores após receber denúncias de irregularidades na pasta.
O prefeito não foi avisado e o assunto desagradou a base de Nunes. O demitido do cargo de secretário de Segurança Alimentar de São Paulo foi Carlos Eduardo Fernandes, indicação do Solidariedade, de Paulinho da Força.
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Investigação do Metrópoles mostrou que o órgão enquadrado pelo vice tinha um programa que entrega menos marmitas do que o volume contratado e um contrato suspeito de banheiro químico em feiras, que só teve uma empresa concorrente.
A Prefeitura negou irregularidades e Fernandes afirmou, entre outros pontos, que havia saído da secretaria para se candidatar a vereador em abril do ano passado e voltou só em março – ficou, portanto, sem ingerência sobre o órgão por quase um ano.
Marmita entregue por associação na zona leste
Obra no Minhocão
A passagem de Mello Araújo também foi marcada pela tentativa de tirar do papel um projeto controverso: a ideia de fazer um bolsão de estacionamento debaixo do Minhocão.
A proposta visava, oficialmente, evitar o descarte irregular de lixo no local. Na prática, pode impossibilitar que moradores de rua continuem vivendo no local. A medida gerou protestos e foi acusada de higienismo.
O espaço acabou sendo monopolizado por uma oficina mecânica e, para neutralizar o problema, virou espaço para vagas de Zona Azul. Posteriormente, como parte dessa mesma tentativa da Prefeitura, foram criados jardins de chuva em outros pontos do Minhocão.
Com Nunes do outro lado do mundo, entrevistas do vice também ganharam os jornais. Em uma delas, ele disse discordar do prefeito sobre mudar o nome da Guarda Civil Metropolitana (GCM) para Polícia Metropolitana. Em outra, afirmou que a função dele como vice é “empurrar os secretários, dar um chutinho”.
Medida engloba instalação de um bolsão de estacionamento embaixo do viaduto do Minhocão
Vice que não é ‘ilustrativo’
Após sua viagem à Ásia, Nunes negou que haja um desconforto entre ele e Mello Araújo e afirmou que o vice não é “ilustrativo”.
“O meu vice não é ilustrativo. É um vice que atua, que trabalha todos os dias. Eu estou em algum lugar trabalhando e ele está em outro lugar trabalhando. A população, quando foi às urnas, com os 3.393.110 votos que tivemos, tinha lá o retrato do Ricardo Nunes e do coronel Mello. Como em 2020 tinha o retrato do Bruno Covas e do Ricardo Nunes”, disse o prefeito durante agenda de entrega de motos para o Samu na zona leste.
“O vice tem que trabalhar. É normal que as pessoas às vezes estranhem que os vices estão trabalhando. Mas é o que tem que ser, como eu fazia com o Bruno [Covas]”, completou.