A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) se pronunciou, neste domingo (15/6), após a repercussão negativa de uma publicação em que aconselhava Oruam, filho de um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), a fazer “revolução com o pé no chão”. O rapper questionou na rede social X o que fazer diante da morte do Herus Guimarães Mendes da Conceição, jovem negro que perdeu a vida durante uma ação policial no Morro Santo Amaro, no Rio de Janeiro.
“Esta semana eu errei”, inicia a deputada em um vídeo de retratação postado na rede social X. A parlamentar afirma que seu comentário “virou trending topic, manchete, desinformação e até teoria de conspiração”. Assista:
Essa semana, um comentário meu virou trending topic, manchete, desinformação e até teoria de conspiração. Tudo ao mesmo tempo.
O que aconteceu: Oruam foi ao Morro de Santo Amaro protestar ao lado da comunidade onde o jovem Herus foi assassinado pela polícia em uma festa junina.… pic.twitter.com/ZrpFWrc7CK
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) June 15, 2025
De acordo com ela, apesar das suas inúmeras contradições e do seu passado, Oruam demonstrou interesse em se organizar politicamente após participar de um protesto na comunidade onde o jovem Herus foi morto. “Eu, como uma deputada ciente dos movimentos que tentam criminalizar todos que vivem nas favelas, sugeri que Oruam fosse conhecer quem já faz um trabalho territorial em defesa das vidas negras e das periferias”, escreveu Erika Hilton.
A deputada afirma que o comentário original foi uma tentativa de diálogo, apesar de reconhecer que não usou as melhores palavras. “Nem conhecia o histórico completo dele naquele momento”, afirma a parlamentar. Ela acrescenta que, em nenhum momento, a sua interação com Oruam serviu para “apoiar, endossar, legitimar ou inocentá-lo de qualquer posição ou comportamento que ele venha a ter”.
“Mas também não vou fingir que uma figura como ele, mesmo com todas as suas contradições, não têm influência real na juventude. E se recusarmos o diálogo ao nos depararmos com toda contradição, estaremos eternamente imóveis, enquanto a extrema-direita ocupa todos os espaços com ódio, mentira e bala”, escreveu a parlamentar na publicação.
Ela reafirma, ainda, que a interação foi uma tentativa de abrir uma comunicação com os fãs de Oruam e relembrou seus movimentos juntos com fandoms de divas pop.
“Seguirei fazendo política com coragem, com responsabilidade e com os olhos voltados pro povo real, e não pros algoritmos do Twitter”, argumentou Erika Hilton. “Então vamos parar com esse freak show, com esse circo, com essa tentativa frustrada – porque não vai dar certo – e me fritar por causa de um tom errado que eu usei.”
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Relembre o caso
A deputada federal Erika Hilton (PSol-SP) sugeriu um caminho de “organização popular” ao rapper Oruam, após ele questionar no X o que fazer diante da morte de Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 24 anos. Herus foi baleado e morto pela Polícia Militar do Rio de Janeiro durante uma festa junina na Comunidade do Santo Amaro, no bairro do Catete, no início deste mês.
Diante do desabafo de Oruam — que perguntou “o que fazer?” após o episódio da morte de Herus — a parlamentar respondeu diretamente ao rapper, afirmando que é preciso “fazer revolução com o pé no chão”.
A deputada se colocou à disposição para ajudá-lo a “construir junto” uma rede de articulação política nas periferias e indicou coletivos e lideranças atuantes nas favelas do Rio de Janeiro.
Leia:
“Oi, Oruam!
Muita gente já te indicou leituras importantes, mas a transformação vem, principalmente, da organização coletiva. Não existe saída individual pra problemas que são estruturais.
Minha sugestão é que você se conecte com quem já constrói essa luta há anos, com coragem e compromisso nas favelas.
No Rio, por exemplo, tem o @institutodpn; perto de você, tem a @KatiusciaRibero, que é referência na luta antirracista e madrinha do Cabelinho; e pra se aproximar da comunidade LGBTQIAPN+ recomendo a Entidade Maré, um coletivo de artistas da Maré.
E, sobretudo, tem o movimento de mães e familiares de vítimas da violência do Estado, que é um dos pilares mais fortes e verdadeiros dessa luta, como o @maes.de.manguinhos no Instagram.
Tudo isso é organização popular. É fazer revolução com o pé no chão.
Se quiser construir junto, tô por aqui. De verdade.
Estamos juntos.”