Um vídeo obtido pelo Metrópoles mostra o início da ação da Polícia Militar (PM) que resultou na morte do comerciante senegalês Ngange Mbaye, em abril deste ano, na região do Brás, no centro da capital. Nas imagens de câmeras de segurança, é possível que o ambulante não estava vendendo produtos quando foi abordado pelos PMs.
Mbaye havia acabado de almoçar em um restaurante. Ele pagou a conta e deixou o estabelecimento, cruzando com alguns policiais no caminho até a rua, onde estava um carrinho com suas mercadorias. Nesse momento, é possível ver os policiais abordando o ambulante, quando tem início uma correria.
O que acontece na sequência foi registrado por uma testemunha que gravava a confusão do alto de um prédio e divulgado na época do homicídio. Um policial agride com um cacetete o ambulante, que revida com uma barra de ferro. Mbaye terminou baleado.
Assista:
Segundo a PM, agentes ajudavam a prefeitura municipal na fiscalização do comércio local, quando abordaram a vítima por volta das 14h. De acordo com a corporação, o homem reagiu à abordagem atacando os policiais com uma barra de ferro. Neste momento, os agentes intervieram e atiraram.
O comerciante ferido foi encaminhado ao Hospital Santa Casa, mas não resistiu e morreu. Ele deixou uma esposa grávida de sete meses.. Um policial militar também ficou ferido na ação e foi levado ao Hospital Nossa Senhora do Pari.
Protestos
A ação da PM provocou um protesto de comerciantes na região. Novamente, houve confronto. Dessa vez, entre os populares e as tropas de Choque da corporação.
Segundo o coronel PM Valmir Racorti, comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), mais de 100 agentes da tropa foram direcionados ao protesto. Os PMs arremessaram bombas de efeito moral em direção aos manifestantes e usando armas com munição de borracha.
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Um destacamento da Cavalaria da PM e um blindado também foram acionados para conter o protesto, além de viaturas. Populares jogavam contra os policiais. Além disso, partes de ruas da região estavam sendo bloqueadas.
“Mais uma vez um negro”
O Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante divulgou uma nota de repúdio pela morte do ambulante.
“Recebemos com profunda tristeza e indignação a notícia da morte do comerciante senegalês Ngange Mbaye, ocorrida no dia 11 de abril de 2025, no bairro do Brás, em São Paulo. Mais uma vez, um homem negro, migrante e trabalhador tem sua vida interrompida de forma violenta em um contexto de repressão e abordagem policial desmedida. Ngange Mbaye atuava como vendedor ambulante quando foi abordado por policiais militares”, diz a nota.