Desde que pense como eu! Assim se tornou o país que se dizia – e ainda há quem acredite! – ser a salvaguarda da liberdade: de expressão, de empreender, de circular! O órgão que regula a entrada de estrangeiros nos EUA recém passou a exigir, sem lei que o autorize, que estudantes abram suas redes sociais caso queiram um visto. Fica claro, assim, que lá agora é proibido pensar ou expressar pensamento que desagrade o mandatário atual, aspirante a plutocrata.
Tal característica costumava ser o fato decisivo para definir um país como não democrático, uma nação sob o jugo de um ditador. E, no entanto, acontecem sob nossos olhos muitos casos em que a manifestação de opinião discordante da linha oficial gera problemas, até deportação, para quem ousa discordar do chefão!
A unanimidade de pensamento tornou-se regra bastante geral na esquerda, na direita e nos matizes intermediários. Sim, porque é falso que a mundo se divida em apenas dois polos. Tal divisão é funcional para quem quer reinar, como há séculos se pratica. Adicionalmente, recorrer a mentiras contra os “inimigos” fabricados é prática antiga. A máquina de propaganda coopera para criar esses últimos, desde o início da indústria de manipulação em massa, da qual Hollywood é exemplo!
Mais recentemente, a mentira da posse de armas de destruição em massa por Sadam Hussein deu o fundamento, hoje reconhecidamente falso, para a nova potência de pensamento unitário e democracia relativa abrir guerra contra o Iraque. Hoje, tal potência acelera a extração de combustíveis fósseis, estes sim – embora sobre eles se assente o Amercian Way of Life – reconhecidamente causadores de destruição em massa!
Ainda mais recentemente, o criminoso que hoje governa Israel repetiu afirmação que ele mesmo vem fazendo, pelo menos desde 2015, qual seja “o Iran está a poucas semanas de produzir uma bomba atômica”! Mentira então, por que não mentira hoje? Mentira ou não, é justificativa para esse genocida imitar o Putin e invadir, desta vez não com tropas, mas sim com seus aviões, mísseis e bombas, um país independente, mais uma vez violando o direito internacional e levando os EUA a fazer o mesmo!
Putin invade? É tirano! Bibi + Trump invadem? São salvadores da liberdade! Putin mata, mas não busca exterminar os ucranianos! É autocrata! Bibi busca, com ajuda e apoio de Trump, exterminar um povo? É legítima defesa! Iran bombardeia terceiros? É terrorismo! Israel + EUA bombardeiam outros países? É para defender a democracia! Israel e EUA assassinam generais? Não é crime, pois são generais do “mal”.
Alegar que os “nossos” são bons e os “deles”, maus, está na origem desses e de quase todos os demais conflitos. Temos que lembrar, e seria bom a imprensa cooperar ajudando todos a abandonar tal ilusão, que há muitos tons de cinza em cada um de nós, “há bondade e maldade em todos”! -, e que as verdadeiras prioridades globais são salvar pessoas e a biosfera.
O caminho tomado pelos dirigentes citados, e muitos outros, não nos conduz a bom termo.
Eduardo Fernandez Silva, ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados