A Associação Moriá, alvo de operação da Polícia Federal por suposto desvio de emendas parlamentares, tem ligações suspeitas com a Millennium Eventos, do empresário Alejandro Ruben Parrilla (à direita, na foto em destaque), uma das subcontratadas pela ONG com recursos públicos.
A Millennium recebeu R$ 1 milhão da ONG para aluguel de equipamentos, ambulância, fornecimento de água mineral e kit alimentação para participantes de um projeto gamer, na edição do Rio de Janeiro.
O endereço da Associação Moriá no Setor de Rádio e TV Norte, informado nos documentos oficiais, pertence a um familiar de Alejandro Parrilla. A informação consta na matrícula do imóvel.
A reportagem apurou que a Associação Moriá funcionava, na verdade, em um outro local também ligado a Alejandro Parrilla. As atividades da ONG eram desenvolvidas no Centro de Eventos Millennium Convention Center, que tem o empresário como um dos sócios.
Alejandro Parrilla também era visto com frequência nos eventos realizados pela entidade.
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Gustavo Henrique Fonseca de Deus, presidente da Associação Moriá
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Equipes da Polícia Federal (PF) foram à sede da Associação Moriá, em Brasília
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Operação Korban apura suposto desvio de dinheiro público proveniente de emendas parlamentares
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Sede da Associação Moriá, no Setor de Autarquias Sul (SAS), em Brasília (DF)
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Com base na informação falsa, o Ministério do Esporte firmou o Termo de Fomento nº 727/2024 com a Associação Moriá
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Associação Moriá disse que Secretaria de Educação iria ceder todos os espaços físicos necessários para projeto gamer, que custará R$ 37,9 milhões. Pasta negou qualquer parceria
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Associação Moriá, alvo de operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União
Arte/Metrópoles
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Associação que recebeu R$ 53 mi de parlamentares do DF é alvo da PF
Entre 2023 e 2024, a ONG foi a destinatária de R$ 53 milhões em emendas de parlamentares do Distrito Federal. No total, R$ 46 milhões tinham como destino o custeio de um projeto que ensina crianças a jogar games como LoL e Free Fire. Até o momento, R$ 8 milhões foram pagos à entidade.
A Millennium foi um dos alvos da Operação Korban, deflagrada nesta terça-feira (29/7) pela Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU). A partir de uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, agentes cumpriram mandados de buscar e apreensão em endereços ligados a dirigentes da Associação Moriá, seis empresas subcontratadas pela entidade e os respectivos sócios.
Outra empresa que entrou na mira da PF e da CGU foi a LG Promoções e Eventos, que também é ligada ao empresário da Millennium. A LG assinou contrato com a Moriá no valor de R$ 3,2 milhões para a locação de mesas, computadores, joysticks gamers, cadeiras giratórias, TVs, caixas de som e outros itens para o projeto gamer no DF. A mesma empresa foi contratada para o evento no Rio de Janeiro, por R$ 990 mil.
Irregularidades
A coluna Grande Angular, do Metrópoles, revelou que a associação é chefiada por um ex-cabo do Exército, um motorista e uma esteticista – todos considerados “laranjas” – e não funciona no endereço registrado em documentos oficiais. Com base na reportagem, o ministro do STF Flávio Dino cobrou esclarecimentos da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Congresso Nacional.
A Associação Moriá tem como diretor administrativo e financeiro José Vitor da Fonseca de Deus, um motorista que reside no Cruzeiro Velho (DF). A diretora operacional é Thais Pinheiro Freitas, uma esteticista que mora em Posse (GO). O atual presidente da entidade é Gustavo Henrique Fonseca de Deus (à esquerda, na foto em destaque), irmão do diretor financeiro, José Vitor. Gustavo foi cabo do Exército por oito anos, até 2019.
Para contar com a emenda da bancada do Distrito Federal no valor de R$ 37,9 milhões para custeio do projeto gamer, a entidade apresentou ao Ministério do Esporte um projeto técnico pedagógico que propunha a criação de 29 salas gamers em espaços cedidos pela Secretaria de Educação (SEEDF), mas a pasta nega ter aprovado qualquer proposta da ONG.
A apuração começou com uma auditoria da CGU em convênios celebrados pela Associação Moriá e o Ministério do Esporte entre 2023 e 2024. A CGU indicou potenciais irregularidades na execução dos convênios para realização de edições dos Jogos Estudantis Digitais (Jedis) no Distrito Federal e no Espírito Santo, o que pode ter causado um prejuízo de R$ 13,2 milhões aos cofres públicos.
Os auditores apontaram possível direcionamento indevido de subcontratações, conluio entre empresas envolvidas nas terceirizações do projetos gamers e contratação de firmas de fachada.
A reportagem não conseguiu contato com os citados, mas o espaço está aberto para eventuais manifestações.