A Melhor Mãe do Mundo acompanha a história comovente de uma mãe que foge com os filhos pequenos da violência doméstica, assunto delicado que é abordado com o cuidado que a complexidade do tema exige.
Com direção de Anna Muylaert (Que Horas Ela Volta?), o filme mostra a saga Gal (Shirley Cruz), e seus dois filhos, Rihanna e Benin, na busca de um lugar para viver após um episódio de agressão praticado pelo marido da catadora de recicláveis, Leandro, vivido por Seu Jorge.
O filme já começa na delegacia, em cena dividida entre Shirley e Katiuscia Canoro. O trecho — que já circula nas redes sociais antes da estreia do longa, em 7 de agosto — dá uma prévia da qualidade das atuações no longa, sobretudo de Shirley. As duas criam uma cena sem exageros, entregando o máximo com o mínimo, e dando ao espectador a impressão de que a realidade está ali sendo retratada, sem clichês ou melodramas baratos.
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Quando a fuga de casa realmente começa, é possível entender o motivo do título de filme: Gal faz de tudo para poupar os dois pequenos da barra pesada que está enfrentando, mesmo que isso implique aos três dormir nas ruas da hostil capital paulista.
Destaca-se também o trabalho em cena com as crianças, vividas por Rihanna Barbosa e Benin Ayo, que também são peças centrais da trama — preservando a inocência e a felicidade genuína que as crianças sabem (muito melhor do que os adultos) alcançar.
Além da violência doméstica, o filme também traz outras problemáticas que atingem as mulheres pobres brasileiras, como a pobreza menstrual, a ausência de políticas eficientes para acabar com o déficit habitacional no Brasil. Muylaert também aproveita para jogar luz na importância dos trabalhos sociais realizados com foco nas populações de rua de São Paulo.
Anna Muylaert vence Festival CinePE com A Melhor Mãe do Mundo
Divulgação
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Uma novidade da obra é a estreia da cantora Luedji Luna como atriz nas telonas. Ela entra em cena trazendo a dura realidade da banalização da violência dentro de casa, em vários contextos familiares.
Quando Seu Jorge aparece, o espectador lembra que “a melhor mãe do mundo” não é perfeita. Apesar de estabelecer seus filhos como prioridade, Shirley ainda carrega a carência e o medo de enfrentar o mundo com os pequenos sem um homem ao lado. Muylaert resolve o conflito da personagem no momento certo.
Prêmio de Melhor Filme
A Melhor Mãe do Mundo recebeu o prêmio de Melhor Filme no Cine PE, em junho deste ano.
A produção de Muylaert concorreu na Mostra Competitiva e foi exibido na primeira noite do festival. A disputa contou com O Ano em que o Frevo Não Foi pra Rua, de Mariana Soares e Bruno Mazzoco; Senhoritas, de Mykaela Plotkin; Itatira, de André Luís Garcia; e Nem Toda História de Amor Acaba em Morte, de Bruno Costa.