Pelo segundo mês consecutivo, as vendas do comércio varejista registraram queda em maio deste ano, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (8/7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os números fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo instituto.
De acordo com o levantamento, em maio de 2025, o volume de vendas do varejo recuou 0,2% em relação a abril. No mês anterior, houve queda de 0,3% (dado revisado pelo IBGE).
O resultado veio abaixo das estimativas da maioria dos analistas do mercado, que projetavam alta de 0,2% na comparação mensal.
O que é a PMC
- Iniciada em janeiro de 1995, a pesquisa produz indicadores sobre o comportamento conjuntural do comércio varejista no país.
- Para calcular a Pesquisa Mensal de Comércio, o IBGE monitora a receita bruta de revenda nas empresas formais, com 20 ou mais trabalhadores, cuja atividade principal é o comércio varejista.
- A PMC traz indicadores de faturamento real e nominal, pessoal ocupado e salários e outras remunerações.
Outros dados
Segundo o IBGE, a média móvel trimestral subiu 0,1% no trimestre encerrado em maio.
Na série sem ajuste sazonal, o comércio varejista avançou 2,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
No acumulado do ano até maio, a alta foi de 2,2%. Em 12 meses, de 3%.
Comércio ampliado
No comércio varejista ampliado – que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção –, o volume de vendas subiu 0,3% em maio.
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Na série com ajuste sazonal, cinco das oito atividades do comércio varejista registraram alta na passagem de abril para maio: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3%); móveis e eletrodomésticos (2%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,7%); tecidos, vestuário e calçados (1,1%); e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,4%).
Por outro lado, no campo negativo, aparecem outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,1%); livros, jornais, revistas e papelaria (-2%); e combustíveis e lubrificantes (-1,7%).
Queda nas vendas em 20 unidades da Federação
De acordo com os dados do IBGE, entre abril e maio deste ano, na série com ajuste sazonal, houve resultados negativos em 20 das 27 Unidades da Federação, com destaque para Tocantins (-3,5%), Rio Grande do Norte (-2,3%) e Santa Catarina (-1,8%).
Por outro lado, entre os destaques positivos em maio, aparecem Roraima (1,1%), Rio de Janeiro (0,9%) e Sergipe (0,7%). O Amapá registrou estabilidade (0%).
Análise
Segundo André Valério, economista sênior do Banco Inter, o resultado do varejo em maio “não é tão ruim”. “Tivemos avanços em diversas categorias e muitas delas mais sensíveis à demanda discricionária. O varejo mais sensível à crédito avançou 1,3% em maio, recompondo as perdas de abril, enquanto o sensível à renda ficou estável pelo segundo mês consecutivo”, destaca.
“A queda do índice cheio foi muito influenciada pelo desempenho de combustíveis e pelo baixo crescimento do subgrupo de super e hipermercados, dois dos grupos com maior peso no índice. De toda forma, o desempenho forte das outras atividades parece ser mais uma recomposição de perdas passadas do que uma mudança de tendência”, explica Valério.
“Com as condições financeiras adversas e boa parte do aperto monetário realizado pelo Banco Central ainda por ser sentido, esperamos que o setor perca força gradualmente ao longo do restante do ano.”
Igor Cadilhac, economista do PicPay, avalia que, “olhando à frente, a expectativa é de desaceleração no ritmo de expansão do comércio, refletindo a retirada dos estímulos fiscais e de crédito, além dos efeitos ainda presentes da inflação e dos juros elevados”.
“Apesar desse cenário mais desafiador, projetamos que a perda de dinamismo será relativamente moderada. Fatores como o mercado de trabalho aquecido e a massa salarial ainda robusta devem continuar sustentando o consumo das famílias. Mantemos, assim, a projeção de crescimento de 2% para o setor em 2025”, projeta.