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    Advogado de Martins: “Prisão foi para forçá-lo a delatar mentiras”

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    O advogado Jeffrey Chiquini, que representa Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em ação que apura suposta tentativa de golpe de Estado, afirmou em nota que seu cliente “foi preso para forçá-lo a delatar mentiras”. Martins foi preso em 8 de fevereiro de 2024, suspeito de participação em tentativa de golpe de Estado.

    O ex-assessor de Bolsonaro foi preso no âmbito da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal para investigar a existência de uma organização criminosa no alto escalão do governo Bolsonaro e teve a preventiva revogada em agosto daquele ano. Precisa, porém, cumprir medidas como não ter perfis em redes sociais nem dar entrevistas.

    Depois, Martins virou réu, com posturas investigadas no chamado núcleo 2, separado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Os integrantes do núcleo 2 são acusados de ter usado a máquina pública para manter Bolsonaro no poder.

    Em nota, lançada pelo advogado durante depoimento de Mauro Cid, no STF, nesta segunda-feira (14/7), Chiquini criticou com veemência a prisão e disse que Martins: “Resistiu”.

    “Foi pressionado para construir uma narrativa contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Resistiu. Foi colocado numa solitária, mas não cedeu. Deixou claro que preferia morrer na cadeia a acusar falsamente pessoas inocentes. E agora, por ter resistido, tentam silenciá-lo”, afirmou.

    Ainda na nota, Chiquini ressaltou que “como advogado de Filipe Martins, afirmo com absoluta convicção: meu cliente foi mantido preso ilegalmente por mais de seis meses, sem indiciamento, sem denúncia, sob pressão e sob tortura, com base numa acusação tão absurda quanto falsa, uma viagem que ele jamais realizou e que ele sequer era proibido de realizar. Hoje o Brasil todo sabe disso. E, como essas ilegalidades foram expostas publicamente a todos, o Filipe segue sob censura, sem poder se manifestar, sem poder conceder entrevistas e é proibido até de ser filmado ou fotografado”.

    Audiência

    Ao alegar ter recebido, nos últimos dias, um volume expressivo de documentos enviados pela Polícia Federal (PF), às vésperas do início das oitivas de testemunhas dos núcleos 2, 3 e 4 da suposta trama golpista, o advogado Jeffrey Chiquini pediu que a audiência de hoje fosse adiada, argumentando que não teve tempo hábil para analisar todo o material.

    Moraes, então, interrompeu e rejeitou o pedido, afirmando que os documentos entregues aos advogados não integram, na íntegra, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) – e, por isso, não havia motivo para suspender a oitiva.

    Quando o advogado insistiu, Moraes interveio novamente. “Enquanto eu falo, o senhor fica quieto”, disse o ministro.

    Oitiva

    O ex-ajudante de ordens Mauro Cid falou nesta segunda como “informante do juízo” na oitiva que trata das ações dos núcleos 2, 3 e 4 da suposta trama golpista.

    Durante a manhã, o juiz auxiliar de Alexandre de Moraes, Rafael Henrique, ouviu as testemunhas de acusação intimadas pela Procuradoria-Geral da República. No período da tarde, Cid é ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes, que conduz a oitiva da tarde após ausência pela manhã.

    Antes de ouvir Cid, falaram as testemunhas da PGR Clebson Ferreira de Paula Vieira e Adiel Pereira Alcântara, sem a presença do ministro Alexandre de Moraes e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.