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    As ameaças de Trump, a busca pelo “velho Tio Sam” e a Soberania

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    Em sua mais recente ofensiva o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou seu medo de perder a hegemonia e, portanto, seu poder diante de outros países. O gatilho foi a proposta, ainda em fase de estudos e debate, no Brics, sobre a adoção de moedas locais para transações comerciais ao invés do dólar.

    “Acho que o mundo precisa encontrar um jeito de que a nossa relação comercial não precise passar pelo dólar. Quando for com os Estados Unidos, ela passa pelo dólar, mas, quando for com a Argentina, não precisa passar. Quando for com a China, não precisa. Quando for com a Índia, não precisa. Quando for com a Europa, discute-se em euro. Ninguém determinou que o dólar é a moeda-padrão. Em que fórum foi determinado?”, questionou Lula

    Trump não perdeu tempo, aproveitou que já vinha em clima de ameaças, e decidiu que vai submeter todos os países do Brics a uma tarifa de 10% “muito em breve”. Para ele, repensar o dólar como moeda padrão global é uma tentativa de enfraquecer os EUA e se assemelha a perder uma guerra.

    O presidente do Brasil, Lula, não ficou calado e se posicionou pelo conceito da soberania. Foi essa também a linha que tomou diante de outra recente ameaça: a defesa de Bolsonaro feita por Trump. Temos aí o combo da economia e da justiça sofrendo ataques externos.

     

    Em participação no programa do Noblat, o professor de Direito Constitucional da UFF, Gustavo Sampaio, explica o comportamento de Trump e analisa o que de fato é possível ser feito contra o Brasil nos dias atuais.

    “Os EUA veem potências em ascenso e o medo da perda da hegemonia faz com que o ‘cão ladre’, com que ele tenha que falar alto para mostrar a sua autoridade. Mas é uma autoridade claudicante, que tem força e terá por muito tempo, mas mostra a possibilidade de recuos sucessivos”, avalia Sampaio

    O advogado também diz que a defesa de Bolsonaro feita por Trump é um resultado do “trabalho” de Eduardo Bolsonaro junto ao presidente. Ele mantém a ponte entre ambos, que possui afinidade no discurso extremista. E por mais que Trump possa aplicar sanções, inclusive de cunho pessoal, a ministros do Supremo Tribunal Federal, elas ficariam contidas em seu país pela barreira da soberania.

    “Esse comportamento discursivo trumpista é saudosista. E está muito associado ao movimento que o apoia [Trump], o MAGA – Make America Great Again, de dizer ‘nós temos que voltar a ser o velho Tio Sam’, que domina o mundo ocidental ou pelo menos as três Américas”, contextualiza o professor

    O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou após declarações de Trump, que “o Brasil não é um problema para os EUA” e saiu em defesa do diálogo entre os dois países. “Os Estados Unidos só têm a ganhar com o Brasil. Nó somos um parceiro muito importante”, afirmou o ministro.