Um mês após o primeiro dia de ataques a ônibus, as autoridades ainda não esclareceram a motivação da onda de vandalismo que amedronta trabalhadores e usuários do transporte público na capital paulista. De acordo com a SPTrans, o número de ocorrências chegou a 365, uma média aproximada de 12 por dia.
A Polícia Civil considera a hipótese de que se trata de um desafio de internet, mas não descartou outras possíveis causas, como disputa de empresas de ônibus e grupos sindicais. De qualquer forma, mesmo com maior concentração nas zonas sul e oeste da cidade, os ataques acontecem de forma espalhada em todas as regiões.
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São Paulo está enfrentando uma onda de ataques a ônibus nas últimas semanas
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Cerca de 135 ônibus foram depredados, em menos de 10 dias, na Grande São Paulo
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Um homem de 27 anos foi preso após depredar três ônibus e pontos de ônibus em São Bernardo do Campo
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Adolescente é apreendido suspeito de ataque a ônibus em Cotia
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Ônibus atacado em Cotia
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Delegado Ronaldo Sayeg, diretor do Deic, durante coletiva sobre onda de ataques a ônibus em SP
Bruna Sales/Metrópoles
Um relatório, produzido pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), fez um panorama dos ataques a partir de 191 boletins registrados pelas companhias de ônibus, entre os dias 21 de maio e 5 de julho — período anterior ao contabilizado pela SPTrans.
Segundo o levantamento, as vias com pelo menos cinco ataques são: Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira, Avenida Interlagos, Avenida Vereador João de Luca e Avenida Cupecê, na zona sul; Avenida Brigadeiro Faria Lima, Avenida Corifeu de Azevedo Marques e Rodovia Raposo Tavares, na zona oeste; Avenida Sapopemba e Avenida Senador Teotônio Vilela, na zona leste.
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Relatório mostra panorama de ataques a ônibus em SP
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Relatório mostra panorama de ataques a ônibus em SP
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Relatório mostra panorama de ataques a ônibus em SP
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Relatório mostra panorama de ataques a ônibus em SP
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Relatório mostra panorama de ataques a ônibus em SP
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Quase 70% dos ataques aconteceram entre quintas-feiras e sábados (65 das ocorrências foram em uma quinta). As companhias lesadas foram: Vidazul Transportes, Sambaiba, Viação Campo Belo, Via Sudeste, Viação Gatusa, Viação Grajaú, Transpass e mobibrasil — que lidera os ataques, com 40, quase um terço do total.
Nem mesmo vans do serviço Atende+ – transporte coletivo que atende pessoas com autismo, surdocegueira ou deficiência física severa — escaparam da ação de vândalos. Foram dois registros, na zona norte, em 30 de junho e 10 de julho.
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Em meio a onda de ataques, pelo menos duas mulheres ficaram feridas ao terem os rostos atingidos por estilhaços de vidro ou pelo próprio objeto arremessado.
“A Secretaria Municipal de Mobilidade e Urbana Transporte (SMT) e a SPTrans reiteram o repúdio aos atos de vandalismo registrados no sistema de transporte e seguem fornecendo todas as informações necessárias para auxiliar nas investigações. Desde o 12 de junho, as empresas operadoras relataram que 365 veículos do sistema municipal de transporte foram depredados, sendo 19 nesta sexta-feira (11). Os atos aconteceram de forma distribuída por todas as regiões da cidade.”, disse a SPTrans, em nota.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), até o momento, quatro suspeitos foram presos na capital. No caso mais recente, o motorista imobilizou um homem que atacou pedras no ônibus, em Guaianases, na zona leste.
No último domingo (6/7), outro suspeito foi preso por lançar uma pedra contra um ônibus na Avenida Washington Luiz, no dia 27 de junho, ferindo uma passageira. Everton de Paiva Balbino, de 32 anos, teve a prisão temporária cumprida e disse à polícia que uma briga de trânsito motivou o ataque.
Dois homens também foram presos, no último sábado (5/7), após depredarem ônibus em Pirituba e Santo Amaro, nas zonas norte e sul, respectivamente.
“As forças de segurança seguem mobilizadas para prevenir e apurar os ataques a coletivos na capital e na região metropolitana. A Polícia Militar deflagrou a Operação Impacto – Proteção a Coletivos, com o emprego de cerca de 7,8 mil policiais e 3,6 mil viaturas em todo o Estado, visando reforçar a segurança de passageiros e trabalhadores do transporte público”, afirmou a SSP.
Segundo a pasta, o Deic já contabiliza “cerca de 200 ocorrências” e realiza monitoramento de plataformas digitais, “diante da suspeita de articulação dos ataques pela internet”. A investigação conta com o apoio da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER).