Identificado como principal suspeito de vários ataques a ônibus em São Paulo, o servidor público Edson Aparecido Campolongo, de 68 anos, é apoiador do influenciador Pablo Marçal (PRTB) e publica constantes críticas contra o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nas suas redes sociais.
Edson tem perfis ativos no Instagram e no Facebook onde publica diversos posts com conteúdo político. O último deles, publicado no domingo (20/7), é um vídeo manipulado que acusa o presidente Lula de ser contra os valores do cristianismo. Em outro, do dia 8 de outubro, Edson filma o centro de São Paulo, focando em ônibus e placas de sinalização, dizendo: “Vocês vão fazer o que dá vida depois que o Lula colocar o Boulos aqui em São Paulo? Porque é o que vai acontecer. Já tirou o Marçal, foi o último a lutar por vocês. Se você não sair para a guerra, meu irmão. Aqui nós estamos em São Paulo, estão fechando tudo aqui”.
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Uma publicação compartilhada por Edson Aparecido Campolongo (@aparecidocampolongo)
Nessa terça-feira (22/7), a Polícia Civil identificou Edson Aparecido como principal suspeito de vários ataques a ônibus em São Paulo. Ele foi levado à Delegacia Seccional de São Bernardo, na região metropolitana, na manhã desta terça-feira (22/7) na condição de investigado. Segundo a polícia, ele confessou ser o autor de 18 ataques na região e em cidades vizinhas, como São Paulo e Santo André.
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Durante o interrogatório, Edson alegou que praticou os ataques para “consertar o Brasil” e “tirar o país do buraco”, mas reconheceu que “fez merda” e “não tem nada a ver o que fez”, disse o delegado seccional Domingos Paulo Neto.
Entenda os ataques ao ônibus em São Paulo
- Desde 12 de junho, 530 veículos do sistema municipal de transporte foram depredados, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) e a SPTrans.
- Já a Artesp, que administra os ônibus intermunicipais, informou que foram registrados 291 casos de vandalismo entre 1° de junho e a manhã dessa segunda-feira (21/7).
- Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), até o momento, 16 suspeitos foram detidos em razão da onda de vandalismo.
- Um relatório produzido pela Polícia Civil de São Paulo fez um panorama da onda de ataques a ônibus ocorridos na região metropolitana da capital entre os dias 21 de maio até 5 de julho.
- No período, a zona sul da capital é a região de maior concentração de ataques (85), seguida da zona oeste (65), zona leste (19) e centro (16). A zona norte (6) teve o menor número de ataques (Ver gráficos abaixo).
- Segundo o levantamento, as vias com pelo menos cinco ataques são: Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira, Avenida Interlagos, Avenida Vereador João de Luca e Avenida Cupecê, na zona sul; Avenida Brigadeiro Faria Lima, Avenida Corifeu de Azevedo Marques e Rodovia Raposo Tavares, na zona oeste; Avenida Sapopemba e Avenida Senador Teotônio Vilela, na zona leste.
- Quase 70% dos ataques aconteceram entre quintas-feiras e sábados (65 das ocorrências foram em uma quinta). As companhias lesadas foram: Vidazul Transportes, Sambaiba, Viação Campo Belo, Via Sudeste, Viação Gatusa, Viação Grajaú, Transpass e Mobibrasil — que lidera os ataques, com 40, aproximadamente 30%.
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Quem é Edson Aparecido
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Edson Aparecido Campolongo é servidor público há mais de 30 anos e trabalha na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).
Edson contou ainda ter recrutado o irmão, Sergio Aparecido Campolongo, de 56 anos, que participou de ao menos dois ataques. Ambos tiveram a prisão preventiva solicitada e acatada pela Justiça. Com a prisão de Edson, o total de detidos pelos ataques a ônibus chegou a 16. Sergio se entregou nesta quarta-feira (23/7).