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    Bode herda legado sangrento de Magrelo e assume guerra contra o PCC

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    Apontado como mandante de diversos homicídios de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) Leonardo Felipe Calixto, o Bode, tenta assumir o total controle do tráfico e drogas na região de Rio Claro, interior de São Paulo, desde a prisão de Anderson Ricardo de Menezes, o Magrelo, em maio de 2023.

    A maior facção criminosa do país, de sua parte, iniciou um processo de retaliação contra a quadrilha de Bode, que está foragido da Justiça, aumentando o rastro de sangue na região.

    O alvo mais recente do PCC, ligado à quadrilha de Bode, foi Igor Henrique de Souza, de 18 anos, fuzilado com 45 tiros, no domingo (6/7).

    5 imagensCarro com pistoleiros se aproxima, acompanhado por moto Pistoleiros desembarcam já atirando contra alvosCarro de pistoleiros é abandonado, com motor ligado, e batedor foge com motoFechar modal.1 de 5

    Membros do PCC conversam em terreno, ao lado de comércio

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    Carro com pistoleiros se aproxima, acompanhado por moto

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    Pistoleiros desembarcam já atirando contra alvos

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    Carro de pistoleiros é abandonado, com motor ligado, e batedor foge com moto

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    Reprodução/Câmera Monitoramento

    Fontes policiais que monitoram a guerra entre os criminosos, em Rio Claro e região, afirmaram ao Metrópoles que, neste ano, ao menos sete integrantes do PCC foram executados e, do lado de Bode, três.

    “O Bode está ‘correndo junto’ com o Comando Vermelho [CV]. Está assumindo [posição] de líder local. Ele matou muita gente do PCC este ano. Os homicídios mais recentes são o troco que o PCC está dando nele. O Bode exagerou na dose”, afirmou um policial em condição de anonimato.

    Ele acrescentou que o PCC “está abandonando” territórios na região de Rio Claro que “comercialmente não interessam mais”.

    Isso se deve, segundo afirmado à reportagem pelo promotor de Justiça Lincoln Gakiya, em entrevistas anteriores, pelo ingresso do PCC no tráfico internacional de cocaína, que rende bilhões de reais à facção desde então.

    Ex-parceiro de Magrelo

    Como já mostrado pelo Metrópoles, Magrelo liderava uma quadrilha que se fortaleceu localmente, criando uma estrutura para competir com o PCC pela disputa de territórios no interior paulista.

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    Levantamento do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do Ministério Público de São Paulo (MPSP), mostra que a quadrilha rioclarense já expandiu a área de atuação para, ao menos, mais sete cidades do interior paulista. São elas: Jundiaí, Sumaré, São Carlos, Pirassununga, Americana, Leme e Louveira.

    Bode era uma dos parceiros de crime de Magrelo, cuja prisão deixou a vaga de liderança livre.

    Aliada à falta de interesse do PCC pela região, a presença das quadrilhas locais também possibilitou uma aliança com o Comando Vermelho, principal rival da facção paulista, que já estendeu seus tentáculos em Rio Claro.

    O CV, segundo apurado pelo serviço velado da Polícia Militar, teria acolhido Bode em morros cariocas — após o atual líder do tráfico de drogas local ter a morte decretada pelo PCC.

    Outras 9 mortes e 120 tiros

    Como revelado pelo Metrópoles, a disputa de território entre com o PCC deixou um saldo de, ao menos, nove mortos, de janeiro a junho deste ano, somente em Rio Claro.

    As execuções, feitas com dezenas de tiros de pistolas e fuzis — tipo de armamento usado em guerras — foram concretizadas com mais de 120 disparos, como consta em relatórios da Polícia Civil consultados pela reportagem. Além dos assassinatos resultantes da guerra entre os grupos de criminosos, outras quatro pessoas foram mortas na cidade — três por questões passionais e outra em um latrocínio (roubo com morte).

    No ano passado,  ocorreram 32 assassinatos em Rio Claro. Com aproximadamente 200 mil habitantes, os homicídios representam 16 mortes violentas por 100 mil habitantes. O estado de São Paulo, por sua vez, contou com uma taxa de 5,98, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).