Em uma quarta-feira (30/7) de fortes oscilações, o dólar registrou ao final do pregão alta de 0,38% frente ao real, cotado a R$ 5,58. Já o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), anotou elevação de 0,95%, aos 133.989 pontos.
O maior solavanco sofrido pelos mercados de câmbio e ações no Brasil foi resultado do anúncio da assinatura por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, da ordem executiva que implementou o tarifaço contra os produtos importados pelo Brasil. O dólar e a Bolsa reagiram de imediato à informação.
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Embora a notícia tenha confirmado as sobretaxas, a ordem assinada por Trump abriu uma série de exceções, isentando produtos como sucos de laranja, diversos tipos de celulose e aeronaves civis. O mercado interpretou essas brechas como positivas. Com isso, a moeda americana caiu e o Ibovespa, que vinha numa tendência de baixa, reverteu esse viés para uma forte alta.
Economia parruda
Mas o dia era de tendência de elevação para o dólar. Ela se fortaleceu com a divulgação de dados que comprovaram a força da economia dos Estados Unidos. O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 3% no segundo trimestre deste ano, em base anualizada, bem acima da expectativa do mercado, que previa um avanço entre 2,3% e 2,6%. No primeiro trimestre, o PIB havia contraído 0,5%.
Em sua rede social, a Truth Social, Trump comemorou o resultado como “muito melhor do que o esperado”. No embalo do avanço do produto, ele voltou a atacar o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell.
“O PIB do segundo trimestre acabou de ser divulgado: 3%, muito melhor do que o esperado! ‘Atrasado demais’ [como o republicano se refere a Powell] agora tem de baixar a taxa. Sem inflação! Deixe as pessoas comprarem e refinanciarem suas casas!”, postou Trump.
Além disso, o relatório de empregos do setor privado, conhecido pela sigla ADP, mostrou que a economia americana criou 104 mil vagas em julho. O número também ficou bem acima da projeção de 64 mil feita por analistas.
Fed mantém juros
Mesmo pressionado, porém, o Fed manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros dos Estados Unidos no intervalo entre 4,25% e 4,50%. Essa foi a quinta reunião consecutiva do órgão que decidiu por não alterar esse patamar.
Ibovespa
No cenário interno, na avaliação da corretora Ativa, a virada do Ibovespa para o campo positivo foi resultado da lista de produtos brasileiros que ficaram fora do tarifaço. Entre os itens beneficiados estão o petróleo, a celulose, o minério de ferro, os fertilizantes e os insumos da indústria aeronáutica.
“Destacamos os impactos positivos para companhias como Embraer, Suzano e petrolíferas”, disse a corretora, em nota. “E vemos a notícia (das isenções) como positiva para a diminuição do prêmio de risco dos ativos brasileiros, tanto pela redução das incertezas no front comercial, quanto pelo menor impacto negativo sobre o crescimento econômico.”
No caso da Embraer, com a isenção da sobretaxa de 50%, as ações da empresa dispararam na B3. Elas fecharam em alta de 10,93%, a R$ 76,25.