Celso Amorim, o ideólogo que dirige de fato as relações exteriores do governo Lula, disse ao jornalista Ricardo della Coletta que o Brasil não deve aceitar a indicação de um novo embaixador por Israel.
“A posição correta hoje, na minha opinião, é a gente entrar como parte na ação da África do Sul por genocídio; manter as relações [com Israel] em níveis mínimos e ser muito severo no acordo de livre comércio, talvez até suspendê-lo”, disse o valente.
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Para não ser acusado de antissemitismo, ele afirmou: “Mas deixa eu dizer a minha posição sobre a questão de Israel. Não tem nenhum radicalismo nisso. É preciso distinguir o povo judeu, que deu imensas contribuições à humanidade; o Estado de Israel, que tem direito de existir e de se defender contra terrorismo ou o que for; e o governo Netanyahu, que está praticando um genocídio”.
Sei. E por que Celso Amorim não defende relações mínimas com a Rússia de Vladimir Putin, que invadiu a Ucrânia, com o propósito de anexar um país soberano, e que aterroriza e mata civis ucranianos? E por que Celso Amorim não defende relações mínimas com a China de Xi Jinping, que persegue violentamente grandes minorias étnico-religiosas, como a dos hui e dos uigures, para não falar dos tibetanos? E por que Celso Amorim não defende “relações mínimas” com o Irã, que patrocina o terrorismo fundamentalista e oprime o próprio povo, principalmente mulheres?
Sobre o massacre perpetrado pelo Hamas em Israel, que ele se recusa a chamar de grupo terrorista, Celso Amorim tem a dizer o seguinte:
“É claro que a gente é contra o ataque do Hamas, não há dúvida, mas a reação é totalmente desproporcional. Você está matando um povo inteiro. É muito ruim matar 2.000 pessoas, é péssimo, é horrível e condenável. Mas matar 60 mil, 70 mil… mulheres e crianças na fila humanitária, é impensável.”
Na escala hierárquica de adjetivos do ideólogo, é “muito ruim, é péssimo, é horrível e condenável” matar judeus, mas é “impensável” matar palestinos.
Nenhuma palavra sobre os reféns israelenses, vivos ou mortos, ainda mantidos pelo Hamas. Nenhuma palavra sobre o objetivo do Hamas, expresso no seu estatuto, de eliminar os judeus do Oriente Médio. Nenhuma palavra sobre o Hamas utilizar civis como escudos humanos. Nenhuma palavra sobre o próprio Hamas disparar contra palestinos em filas humanitárias e roubar mantimentos para os seus facínoras. Celso Amorim é radical na dissimulação do antissemitismo.
A verdade é que, para a esquerda, judeus tem “mortezinhas aqui e ali”, um coisa chata, embora compreensível, mas judeus são sempre “desproporcionais” na sua reação, uma coisa intolerável em qualquer tempo. O ideal mesmo seria se os judeus fossem varridos do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo. Aí não seria mais preciso nem ter “relações mínimas” com eles.