A nova novela da Globo, Êta Mundo Melhor!, mal chegou ao ar e já está no centro de uma polêmica. A forma como o povo cigano é retratado na trama de Walcyr Carrasco gerou forte indignação entre representantes da comunidade. Quatro organizações ligadas à defesa dos direitos dos ciganos publicaram uma nota conjunta de repúdio, nas redes sociais, nesta quinta-feira (3/7).
A polêmica surgiu após a exibição do primeiro capítulo, que foi ao ar na última segunda-feira (30/6). Nele, a personagem Carmem, uma cigana interpretada por Cristiane Amorim, convence um casal a lhe entregar um bebê que havia sido sequestrado de Candinho, protagonista vivido por Sérgio Guizé. Na sequência, Carmem negocia a criança com Zulma (Heloísa Périssé), uma vilã que comanda um falso orfanato. Com o dinheiro, a personagem deixa a cidade.
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A cena foi duramente criticada pelo Instituto Cigano do Brasil (ICB), a Urban Nômades Brasil, a International Romani Union Brasil (IRU) e a Associação Mayle Sara Kali Brasil (AMSK). Em comunicado publicado no Instagram e Facebook, as instituições acusam a emissora de promover uma imagem distorcida e preconceituosa da cultura cigana, classificando o episódio como um caso claro de romafobia — termo utilizado para definir o racismo contra os povos ciganos.
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“Essa representação é mais do que um erro artístico — é um ato de discriminação. A novela reforça um estereótipo antigo e violento: o da cigana envolvida em crimes como sequestro ou tráfico de crianças. Isso não apenas ignora a realidade dos nossos povos, mas perpetua uma visão desumana que tem servido de justificativa para séculos de exclusão”, diz a nota.
As entidades também lembram que a Rede Globo, por operar sob concessão pública, tem responsabilidade social e legal sobre o que transmite. Elas cobram um posicionamento do Ministério da Igualdade Racial e exigem providências contra o que classificam como racismo étnico-cultural.
“Não somos personagens folclóricos nem vilões exóticos. Somos um povo de história, conhecimento e dignidade. E cansamos de ver nossa identidade ser usada como vilania em roteiros de ficção”, continua o texto.
A nota termina com um apelo direto: “Não em nosso nome. Chega de usar o entretenimento como escudo para o preconceito. Isso é racismo e precisa ser tratado como tal”.