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Cientistas criam miniórgãos com vasos sanguíneos em laboratório

Cientistas criam miniórgãos com vasos sanguíneos em laboratório

Criados inicialmente para substituir testes de medicamentos em animais, os miniórgãos, também chamados de organ-on-a-chip, se tornaram uma das principais alternativas para pensar o futuro da medicina.

Pesquisas publicadas em junho nas revistas Science e Cell, duas das mais prestigiadas do mundo, mostraram que foi possível criar versões desses mini órgãos capazes de desenvolver vasos sanguíneos em laboratório. Coração, fígado, pulmões e intestino estão entre os modelos já criados.

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Os organoides são miniaturas tridimensionais de órgãos reais. As estruturas derivam de células-tronco e imitam o comportamento e a função de tecidos humanos. Mas, até agora, a ausência de vasos limitava o tamanho, a maturação e a funcionalidade dos modelos.

O crescimento de vasos permite aos cientistas estudar o funcionamento completo de órgãos e seus sistemas de suporte, além de vislumbrar possibilidades futuras de usar estruturas semelhantes para tratamentos e transplantes.

Crescimento induzido desde o início

Os dois grupos de pesquisa, um da Universidade de Stanford e outro da Universidade de Cincinnati, ambas nos Estados Unidos, desenvolveram os modelos com vasos sanguíneos desde os estágios iniciais, utilizando células-tronco pluripotentes. Esse tipo celular pode formar quase todos os tecidos humanos.

A nova técnica controla a formação dos vasos em paralelo ao crescimento do tecido do órgão. Com isso, o modelo se desenvolve de forma mais integrada e vascularizada quando atinge a maturação. “Os modelos mostram realmente o poder desta estratégia”, disse o pesquisador Oscar Abilez, da Universidade de Stanford, um dos investigadores, em comunicado à imprensa.

Reprodução mostra bécquer em que se armazenam os minicérebros em um caldo de cultivo. Órgão em miniaturaCiência em miniatura: órgãos pequenos são usados para estudos dos impactos de medicamentos

Órgãos mais funcionais

Antes de desenvolverem a nova técnica, os cientistas cultivavam vasos sanguíneos isoladamente e depois os uniam a outros tecidos. O resultado, chamado de “assembloide”, tinha baixa maturação e pouca semelhança com órgãos reais.

Uma descoberta acidental mudou o curso da pesquisa. Grupos que cultivavam células epiteliais notaram o surgimento de células que revestem vasos sanguíneos de forma espontânea. Elas eram consideradas contaminantes e retiradas.

A pesquisadora Yifei Miao, do Instituto de Zoologia da Academia Chinesa de Ciências, aproveitou a ideia e desenvolveu a nova técnica. Ele testou se seria possível induzir, ao mesmo tempo, o crescimento de células vasculares e epiteliais em organoides pulmonares e intestinais, sem separação entre os tecidos. Em todas, teve sucesso.

Pulmões precisam de vasos para trocar oxigênio e dióxido de carbono. Rins necessitam deles para filtrar o sangue e produzir urina. Com vasos formados, os organoides podem simular esses processos e avançar na direção de uma medicina mais precisa e, quem sabe, feita sob demanda.

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