O papel que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro deverá desempenhar depois das medidas restritivas impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) divide a oposição. Existe uma ala que defende que a presidente do PL Mulher ganhe protagonismo e lidere a direita no lugar do marido, que está proibido de usar as redes sociais, dar entrevistas veiculadas nas plataformas e passou a usar tornozeleira eletrônica.
A ala pró-Michelle, que tem a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) como uma das principais vozes, defende que a ex-primeira-dama passe a ser a porta-voz do bolsonarismo e lidere as reações da oposição contra as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que miram o ex-presidente e os aliados mais próximos.
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Sob reserva, nomes favoráveis à ex-primeira-dama disseram ao Metrópoles que a esposa de Bolsonaro tem uma aceitação maior do eleitorado por se tratar de uma mulher, evangélica e com uma “sensibilidade” maior do que outros integrantes da família, incluíndo dois dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Michelle é uma das cotadas para ser o nome da direita em 2026 em uma eventual disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 17 de julho, ela aparece com 19% das intenções de voto em um primeiro turno contra Lula (30%) – um desempenho melhor do que o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que teria 15% nas mesmas condições.
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Michele e Jair Bolsonaro em manifestação
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Bolsonaro e Michelle
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Ato pró-anistia em Brasília, nesta quarta-feira (7/5)
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Michelle Bolsonaro discursa durante evento do PL Mulher em Guarulhos (SP)
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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro
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Michelle Bolsonaro sofreu revés na Justiça
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Michelle Bolsonaro
©Hugo Barreto / Metrópoles8 de 12
Bolsonaro mostra mensagem enviada por Michelle
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Michelle Bolsonaro
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Michelle Bolsonaro durante ato pela anistia
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Michelle com Jair Bolsonaro no hospital
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Michelle Bolsonaro em ato em São Paulo
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Pijama
Michelle estava em casa com Bolsonaro no momento em que a Polícia Federal chega no condomínio em que a família mora no Jardim Botânico, em Brasília. Damares, que esteve com a amiga de longa data depois, disse que ela foi “constrangida” pelos agentes, que chegaram à residência da família enquanto ela estava de pijama.
Depois da ação da PF, Damares, que é próxima à família Bolsonaro, enalteceu a postura de Michelle durante a operação: “Hoje vimos o nascimento da maior liderança conservadora do país, que irá nos guiar a partir de agora”, disse a senadora durante coletiva de imprensa na sexta-feira (18/7).
A causa por Michelle foi levada ao próprio Bolsonaro tanto por Damares quanto pelo senador e líder do Bloco Vanguarda, Wellington Fagundes (PL-MT), que defendeu o protagonismo da ex-primeira-dama e o apoio da oposição durante a coletiva de imprensa da oposição na terça-feira (22/7).
A sugestão não foi muito bem recebida pelos pares. O presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, Paulo Bilynskyj (PL-SP), questionado se a fala do senador sinaliza Michelle como candidata em 2026, disse que “não se pode considerar a posição de um parlamentar como consenso. Nosso candidato é o Bolsonaro”.
A posição é compartilhada entre outras figuras do PL, que elogiam a atuação de Michelle à frente da ala feminina do partido, mas sem que ela assuma um papel de maior destaque do que Jair Bolsonaro.
Michelle observa em silêncio
Michelle tem mantido um perfil baixo desde a operação da PF e a imposição de medidas cautelares contra Bolsonaro. No dia da ação, a ex-primeira-dama compartilhou um texto religioso e não comentou a decisão do ministro Alexandre de Moraes. No lugar, continua publicando críticas direcionadas à gestão petista.
A agenda do PL Mulher segue com tranquilidade e sem alterações à vista. Os Encontros nos estados já haviam sido retomados em abril de 2025 e deverão continuar conforme já estavam previstos na programação.
Historicamente, a ex-primeira-dama evita comentar sobre suas pretensões políticas, mas tem recebido bem o seu desempenho nas pesquisas eleitorais. Além da Presidência, Michelle é favorita para disputar uma vaga ao Senado pelo DF. Aqueles contrários ao nome dela na disputa do Planalto defendem que ela comece no Legislativo, já que Michelle nunca disputou uma eleição.