Ao longo dos últimos quatro anos, deputados distritais apresentaram, na Câmara Legislativa (CLDF), diversas proposições em nome de personalidades estrangeiras, com o intuito de homenageá-las.
Entre as mais recentes proposta está a tentativa de conceder ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (foto em destaque), o título de cidadão honorário de Brasília. O projeto, apresentado em 30 de abril último, ainda precisa passar pelas comissões e pelo plenário da Casa.
No projeto de decreto legislativo (PDL) de autoria do deputado distrital Joaquim Roriz Neto (PL), a “trajetória” de Trump “em defesa dos valores conservadores e, por conseguinte, em defesa da sociedade brasiliense” é mencionada como uma das justificativas para a proposta.
“Por quatro anos, [Trump] combateu a ideologia de gênero e defendeu os valores cristãos, comandando a maior democracia do planeta, sempre respeitando a liberdade de expressão”, justificou Roriz Neto.
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O parlamentar acrescentou que conceder o título a Trump é “reconhecer a atuação” do político “em favor dos valores tradicionais da família e do cristianismo”.
“[Trump] tem o mais profundo respeito e a mais profunda admiração de todos os brasilienses que acreditam nesses mesmos valores. E, repito, essa é a grande maioria da população de nossa cidade. […] Portanto, nada mais justo do que conceder o título de cidadão honorário de Brasília ao senhor Donald John Trump”, completou Joaquim.
“Votos de louvor” a diplomatas dos EUA
Na terça-feira última (22/7), duas moções de louvor protocoladas na CLDF propõem homenagens aos diplomatas estadunidenses John Jacobs e Tom Babiington pelo trabalho exercido na Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
Moção dias após “tarifaço” estadunidense
- Ambas as propostas, de autoria do deputado distrital Pastor Daniel de Castro (PP), visam “reconhecer o importante trabalho desenvolvido” pela dupla.
- O parlamentar acrescentou que os representantes do país norte-americano no Brasil “merecem” os “votos de louvor”.
- A moção foi protocolada por Daniel de Castro dias após Donald Trump taxar em 50% as exportações de produtos do Brasil para os Estados Unidos.
- Com essa alíquota, inclusive, o país da América do Sul se tornou a nação com as tarifas mais altas do mundo aplicadas pelos EUA, entre as 22 estipuladas por Trump.
Ao Metrópoles o Daniel de Castro alegou que a homenagem não tem relação com o tarifaço, mas com uma ajuda a um templo religioso dele. “A moção teve origem pelo fato de os diplomatas pararem a rotina para atender os bispos de nossa igreja, que terá uma sede inaugurada nos Estados Unidos no mês que vem”, afirmou.
“Eles [diplomatas] receberam a comitiva da igreja, proporcionaram algumas situações que facilitam o deslocamento de nossos pastores para essa inauguração e esclareceram dúvidas acerca da liderança dela”, completou o distrital.
Embaixador do Japão
Em 2022, o deputado distrital Iolando (MDB) propôs moção de louvor a Teiji Hayashi, embaixador do Japão no Brasil. À época, o parlamentar justificou que o representante diplomático costumava “prestigiar eventos promovidos pela colônia brasileira, a exemplo do Festival do Japão, da Festa da Goiaba, entre outros de igual importância”.
No texto da proposta, Iolando também alegou que a embaixada do Japão doou recursos para a compra de veículos destinados a escolas de educação especial geridas pela Associação de Pais e Amigos de Excepcionais do Distrito Federal (Apae-DF).
“[Hayashi] também tem participação no Programa de Assistência a Projetos Comunitários e de Segurança Humana (APC), com disponibilização de recursos para auxiliar em áreas que priorizam benefícios diretos às comunidades locais, como assistência médica e social, educação, entre outros”, elencou.
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Embaixador de Israel como cidadão honorário
Em 2022, um PDL apresentado na CLDF propunha conceder a Daniel Zohar Zonshine, embaixador de Israel no Brasil, título de cidadão honorário de Brasília.
O texto da proposta, de autoria do deputado Martins Machado (Republicanos) e dos ex-distritais Rodrigo Delmasso e Valdelino Barcelos, descrevia o embaixador como “poliglota, arqueólogo e mestre em estudos de defesa”.
“Por todo o trabalho desenvolvido em prol do Distrito Federal, a Câmara Legislativa reconhece e aplaude o senhor Daniel Zohar Zonshine pela dedicação ao DF”, afirmaram os políticos. O PDL também aguarda aprovação.
No mesmo ano em que esse projeto de decreto legislativo foi apresentado, o embaixador recebeu moções de louvor. Um segundo diplomata de Israel no Brasil, o primeiro-secretário David Atar, ainda foi homenageado na Casa, pelo “trabalho desenvolvido no Distrito Federal”.
Nesses dois últimos casos, as moções foram propostas pelo então deputado distrital Rodrigo Delmasso.
Embaixador da Coreia do Sul no Brasil
Em 2024, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo – ou Guilherme Lima, como também se apresenta –, foi homenageado com uma moção de louvor apresentada pelo deputado distrital Martins Machado (Republicanos).
No texto da proposição, o parlamentar afirmou que a honraria se devia ao carinho demonstrado por Lim Ki-mo ao Brasil e que, por isso, ele deveria “ser considerado um cidadão cívico brasileiro”.
O embaixador ficou nacionalmente conhecido por sempre cantar músicas brasileiras em eventos, como o sucesso Evidências, da dupla Chitãozinho & Xororó .
“Além do vasto currículo, [Lim] tem se mostrado um amante da cultura brasileira, fazendo questão de participar ativamente de eventos – nos quais canta músicas, degusta a culinária e divulga tudo o que nosso país tem a oferecer – e colaborando para manter a aliança diplomática entre Brasil e Coreia”, argumentou Machado.
República Árabe Saarauí Democrática
Também no ano passado, o deputado distrital Max Maciel (PSol) propôs votos de louvor a Ahamed Mulay Ali Hamadi, embaixador da República Árabe Saarauí Democrática no Brasil.
“[Ahamed Mulay] tem desempenhado um papel fundamental na promoção da integração e da união entre o povo Saaraui e a população do Distrito Federal. A dedicação e os esforços incansáveis dele têm contribuído para fortalecer os laços entre essas comunidades e promovido entendimento mútuo, solidariedade e cooperação em diversos âmbitos”, justificou Max.