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    Declaração: Brics condena ataques ao Irã, mas evita citar EUA e Israel

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    Rio de Janeiro — A declaração final da reunião de cúpula do Brics, divulgada neste domingo (6/7), condena os ataques militares contra o Irã, no último 13 de junho, sem mencionar os Estados Unidos e Israel. Por outro lado, o documento critica a ação israelense na Faixa de Gaza e defende que uma solução na região “só pode ser alcançada por meios pacíficos e depende do cumprimento dos direitos legítimos do povo palestino”.

    A declaração foi divulgada no primeiro dia de cúpula, logo após a discussão entre os chefes de Estado, no Rio de Janeiro. Ao longo das negociações, o tom da declaração em temas como o conflito com o Irã e a questão palestina foi motivo de divergência entre os países.

    A parte iraniana cobrava uma posição mais contundente do grupo frente aos ataques sofridos. No entanto, ao final, prevaleceu a linguagem semelhante ao comunicado divulgado no último dia 24, e optou-se por não mencionar os países autores da ofensiva contra o Irã.

    “Condenamos os ataques militares contra a República Islâmica do Irã desde 13 de junho de 2025, que constituem uma violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, e expressamos profunda preocupação com a subsequente escalada da situação de segurança no Oriente Médio. Expressamos ainda séria preocupação com os ataques deliberados contra infraestruturas civis e instalações nucleares pacíficas sob totais salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em violação ao direito internacional e a resoluções pertinentes da AIEA”, diz o documento.

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    Palestina e Conselho de Segurança

    O texto reserva quatro parágrafos para tratar do conflito na Faixa de Gaza. Os países do Brics manifestaram preocupação com a retomada dos ataques de Israel e a obstrução à entrada de ajuda humanitária na região.

    “Também condenamos as tentativas de politizar ou militarizar a assistência humanitária. Exortamos as partes a se engajarem, de boa-fé, em novas negociações com vistas à obtenção de um cessar-fogo imediato, permanente e incondicional; à retirada completa das forças israelenses da Faixa de Gaza e de todas as demais partes do Território Palestino Ocupado; à libertação de todos os reféns e detidos em violação ao direito internacional; e ao acesso e entrega sustentados e desimpedidos da ajuda humanitária”, diz o documento.

    O grupo também pede a unificação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza sob responsabilidade da Autoridade Palestina.

    “Apelamos à comunidade internacional para que apoie a Autoridade Palestina na realização de reformas que permitam concretizar as legítimas aspirações dos palestinos à independência e à criação de um estado, bem como a rápida reconstrução das infraestruturas civis do território, com um papel central dos palestinos, tal como acordado na Cúpula Árabe de Emergência sobre a Palestina, de 4 de março de 2025, e registramos com apreço a iniciativa de convocar uma próxima conferência de doadores, a ser realizada no Cairo”, pontua o texto.

    Outro ponto abordado é a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao organismo.

    “Reafirmamos nosso apoio a uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com o objetivo de torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e de aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho para que ele possa responder adequadamente aos desafios globais predominantes e apoiar as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo os países do Brics, a desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança”, destaca.