O delegado Vinícius Martinez, acusado de ser autor do disparo que matou uma adolescente em um rodeio em Promissão, no interior de São Paulo, em agosto do ano passado, vai a júri popular. Ainda cabe recurso.
A decisão foi tomada na última quarta-feira (2/7) e divulgada nesta segunda (7) pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), que denunciou o agente por homicídio consumado com dolo eventual. O crime é qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima e pelo fato de ele ter colocado outras pessoas em risco (perigo comum).
Relembre o caso
- De acordo com o boletim de ocorrência, um homem teria ameaçado e desacatado policiais militares ao tentar entrar no rodeio com bebidas alcóolicas, contrariando as regras do evento.
- Ao presenciar a confusão, o delegado teria feito um disparo, que atingiu Katrina Bormio Silva Martins, de 16 anos.
- No momento, a garota esperava pelo pai na parte de fora da festa.
- A adolescente chegou a ser socorrida, mas morreu pouco tempo depois de dar entrada no Hospital Geral de Promissão.
Denúncia do MPSP
Em denúncia, o MPSP afirma que o delegado atirou quatro vezes ao intervir “injustificadamente em uma abordagem policial que acontecia de forma controlada”.
O promotor de Justiça Ely Bernal sustenta que os disparos ocorreram em área de aglomeração e ressaltou que o acusado estava sob efeito de bebidas alcoólicas.
Para o promotor, o resultado era previsível. Apesar disso, o delegado agiu de forma totalmente indiferente a esta previsão, assumindo o risco de matar alguém.
Liberado após pagar fiança
Martinez chegou a ser preso em flagrante, mas foi solto após audiência de custódia depois de pagar uma fiança de 20 salários mínimos (R$ 28.240 na época). Com isso, ele ganhou o direito de responder o processo em liberdade.
À época, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a arma utilizada foi apreendida e que a conduta do delegado estava sob apuração. A pasta acrescentou ainda que o delegado teria agido na tentativa de prender o homem que desacatava os policiais.
A corregedoria da Polícia Civil estudava afastar o agente. O Metrópoles questionou a SSP se Martinez foi de fato afastado em algum momento, no decorrer da investigação, e aguarda um retorno.
A reportagem também contatou a defesa do delegado e aguarda um posicionamento.