Recentemente, a decisão dos cantores Anitta e Jão de se afastarem temporariamente das redes sociais trouxe à tona um tema cada vez mais recorrente na era digital: o impacto da hiperconexão na saúde mental.
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Para Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Pós-PhD em neurociências, mestre em psicologia e diretor do Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH), o excesso de tempo on-line pode desencadear efeitos comparáveis aos de um vício.
“Há uma ativação do sistema dopaminérgico, responsável pelo reforço comportamental. O uso prolongado altera áreas como o córtex pré-frontal e a amígdala, afetando o controle emocional, o sono e até a autoestima”, explica.
Os sinais de alerta são claros: irritabilidade, ansiedade ao ficar offline, procrastinação crônica e cansaço mental constante. “Muitas vezes, o corpo sinaliza a necessidade de uma pausa antes mesmo da pessoa se dar conta”, alerta o especialista.
Fazer um detox, porém, não significa sumir totalmente. Segundo Fabiano, o importante é estabelecer um uso consciente. “Controlar horários, desativar notificações e fortalecer vínculos fora do ambiente digital já trazem benefícios significativos. Em apenas sete a 14 dias, é possível observar redução nos níveis de cortisol e melhora no bem-estar.”
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O artista entrou em recesso por tempo indeterminado na carreira após o encerramento da SuperTurnê para se reabastecer sob o prisma musical e também pessoal
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Jão anunciou uma pausa em sua carreira
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O afastamento de figuras públicas, como Jão — que interrompeu sua carreira após o fim da SuperTurnê — e Anitta — que ficou mais de um mês sem postar nada novo em suas redes — também colabora para normalizar essa prática. “Há um efeito de validação social. Quando artistas se desconectam, mostram que o autocuidado é necessário, mesmo sob os holofotes”, analisa o neurocientista.
Apesar disso, muitos ainda sentem culpa ou medo de ‘sumir’ das redes, efeito direto do FOMO (sigla para “fear of missing out“, ou medo de estar perdendo algo), vinculado à rede neural default mode, associada à autoconsciência e à projeção do futuro. A saída? “Desenvolver consciência metacognitiva e buscar reforçadores naturais, como convívio presencial e atividades que tragam propósito”, orienta Fabiano.
Para quem não sabe por onde começar, pequenas mudanças já fazem diferença. “Excluir aplicativos à noite, programar dias off-line e praticar mindfulness digital são formas simples de restaurar o equilíbrio neurofisiológico e preservar a saúde mental”, finaliza o especialista.
Se até os artistas mais populares entenderam a importância de uma pausa, talvez seja hora de todos nós repensarmos a urgência de estar sempre online.