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    Disputa de facções marca 10 cidades mais violentas do país. Veja lista

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    Dados divulgados nesta quinta-feira (23/7) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostram que as cidades com as maiores taxas de homicídio a cada 100 mil habitantes do Brasil têm disputas entre facções e outros grupos criminosos. As cidades mais violentas estão localizadas em três estados: Bahia, Ceará e Pernambuco.

    O município que lidera a lista é Managuape, no Ceará, com 79,9 mortes violentas a cada 100 mil. Na sequência, vêm três cidades baianas: Jequié, com 77,6; Juazeiro, com 76,2; e Camaçari, 74,8. As cidades pernambucanas de Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata aparecem na quinta e na sexta posição, com 73,3 e 73,0, respectivamente.

    Simões Filho, na Bahia, vem em sétimo, com 71,4; Caucaia, no Ceará, em oitavo, com 68,7; e Maracanaú, no mesmo estado, aparece em nono, com 68,5. Feira de Santana, na Bahia, fecha a lista, com 65,2.

    Veja lista completa:

    Tabela com cidades mais violentas do país em 2024Tabela com cidades mais violentas do país em 2024

    Da lista, cinco cidades estavam no ranking das mais violentas do país em 2023: Camaçari, Jequié, Simões Filho, Feira de Santana, Juazeiro e Maranaguape.

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    O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) fez uma lista sobre os principais fatores responsáveis pelos altos índices de homicídios das dez cidades mais violentas:

    • Maranguape (CE): localizada na região metropolitana de Fortaleza, a cidade é palco de uma disputa sangrenta entre duas facções criminosas, o Comando Vermelho (CV) e os Guardiões do Estado (GDE).
    • Jequié (BA): Embora tenha apresentado uma redução de 2,2% no número de mortes violentas intencionais entre 2023 e 2024, passando de 134 para 131 vítimas, a cidade permanece como uma das mais violentas do país. O município consta ainda do ranking das maiores taxas de letalidade policial: das 131 MVI registradas no último ano, 44 foram provocadas pelas polícias Militar e Civil, ou seja, 1 em cada 3 mortes na cidade foram provocadas por agentes estatais.
    • Juazeiro (BA): a cidade baiana teve a maior alta no número de MVI (9,6%), com 194 vítimas. Com pouco mais de 250 mil habitantes, Juazeiro fica a mais de 500km de distância da capital e “reflete a interiorização da violência que tomou o Estado, em grande medida pela expansão de grupos criminosos”. Na cidade, atuam ao menos duas facções que operam o narcotráfico, segundo reportagens de imprensa: o Bonde dos Malucos (BDM) e uma dissidência deste grupo intitulada “Honda”.
    • Camaçari (BA): a cidade, que aparecera em segundo lugar no ranking do ano anterior, apresentou redução de 12,1% no número de vítimas de MVI, passando de 272 mortos, em 2023, para 239, em 2024. Apesar da melhora, a taxa se mantém elevada, com 74,8 mortes por 100 mil.
    • Cabo de Santo Agostinho (PE): com taxa de 73,3 mortes por 100 mil habitantes, a cidade do Grande Recife sofre com a atuação de facções atuantes no narcotráfico e é disputada, há anos, pela Comando Litoral (antigamente chamada de Trem Bala).
    • São Lourenço da Mata (PE): a cidade tem figurado em reportagens de imprensa como local de disputas pelo controle do tráfico de drogas.
    • Simões Filho (BA): O município que figura há anos entre os mais violentos do país tem sido alvo de disputas entre grupos criminosos como Bonde dos Malucos (BDM) e Comando vermelho.
    • Caucaia (CE): a cidade, que teve crescimento de 8,9% no número de vítimas de MVI, vem sendo disputada por ao menos três grupos criminosos: o GDE, o Comando Vermelho e os Neutros e/ou Tudo Neutros (TDN), também conhecidos como Massa. O último grupo surgiu como uma dissidência do Comando Vermelho, em meados de 2021, e tem se mostrado extremamente violento.
    • Maracanaú (CE): o município também sofre com o conflito entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas e vem sendo objeto de disputas entre o Comando Vermelho e o GDE.
    • Feira de Santana (BA): a cidade apresentou redução de 6,5% no número de vítimas de mortes violentas intencionais, mas segue com taxa elevada, de 65,2 mortes por 100 mil. Em junho deste ano, uma liderança do narcotráfico vinculada à facção Bonde dos Malucos foi presa em São Paulo em uma operação conjunta da FICCO, evidência dos vínculos entre a organização criminosa local e o PCC.