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    Dólar abre em alta com reunião Haddad-Motta, Galípolo e ata do Fed

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    O dólar operava em alta nesta quarta-feira (9/7), com os investidores repercutindo o noticiário econômico de Brasília e aguardando novos indicativos sobre os rumos da política monetária nos Estados Unidos.

    No Brasil, o mercado financeiro repercute a reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) – que se encontraram pela primeira vez desde que o Congresso Nacional derrubou o decreto do governo que aumentava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

    Nos EUA, além de monitorarem os anúncios de novas tarifas comerciais por parte do governo do presidente norte-americano Donald Trump, os investidores aguardam a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano).

    Dólar

    Ibovespa

    • As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
    • No dia anterior, o indicador fechou em baixa de 0,13%, aos 139,3 mil pontos.
    • Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 0,33% no mês e de 15,84% no ano.

    Governo e Congresso tentam retomar pontes

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), se reuniram na noite dessa terça-feira (8/7), na residência oficial da Câmara, em Brasília.

    O encontro foi uma tentativa de distensionamento entre o Executivo e o Congresso, após a derrubada de um decreto presidencial que prorrogava a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em transações de câmbio. A medida foi considerada inconstitucional pelo Legislativo, o que gerou desgaste entre o governo e os parlamentares.

    Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, na terça, Haddad já havia antecipado a intenção de se encontrar com Motta ainda durante esta semana. Na entrevista, o ministro da Fazenda minimizou o impacto da crise, especialmente com Motta, dizendo que ambos têm amigos em comum trabalhando para reaproximá-los.

    “Vamos nos ver em breve. Olha, quando um não quer, dois não brigam. Nós não vamos brigar, porque, no caso aqui, nenhum dos dois quer”, afirmou o ministro. Ele também ressaltou a importância institucional da Câmara e da manutenção de um bom diálogo entre os Poderes.

    “Eu não tenho nem o direito de ter relação estremecida com o presidente da Câmara, porque é um poder institucional. O Brasil depende da boa condução dos trabalhos dele. Eu sou ministro, não tenho mandato. Estou colaborando na medida das minhas possibilidades e das minhas limitações. Eu nunca saí de uma mesa de negociação. Eu só saio com acordo”, completou Haddad.

    Essa foi a primeira vez que os líderes conversaram desde que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu tanto o decreto do governo federal que aumentou o IOF quanto a decisão do Congresso Nacional que havia derrubado o reajuste do tributo.

    Na reunião, esteve em pauta a necessidade de um possível entendimento entre o governo e a cúpula do Congresso para tentar resolver o impasse antes da audiência de conciliação marcada para o dia 15 de julho. O encontro reunirá os principais envolvidos no caso e tem como objetivo construir uma saída negociada para a crise em torno da elevação das alíquotas do IOF.

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    Galípolo na Câmara

    Outro destaque na agenda nacional nesta quarta-feira é a presença do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em uma audiência na Câmara dos Deputados.

    O chefe da autoridade monetária estará presente na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, pela manhã, e deve falar sobre as decisões da autarquia sobre política monetária e possivelmente dar indicações sobre os rumos da taxa básica de juros no país.

    O convite a Galípolo contou com o endosso de parlamentares da base governista, como Florentino Neto (PT-PI) e Laura Carneiro (PSD-RJ) – Galípolo foi indicado ao comando do BC pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), substituindo Roberto Campos Neto.

    Atualmente, a taxa Selic está em 15% ao ano. É o maior patamar dos juros no Brasil em quase duas décadas, desde 2006.

    Ata do Fed nos EUA

    No cenário internacional, o principal destaque do dia é a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).

    A expectativa dos investidores é a de que o documento, que será conhecido à tarde, possa dar “pistas” sobre o que esperar da trajetória dos juros da economia norte-americana.

    Atualmente, a taxa de juros no país está no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano. Na última reunião do Fomc, em meados de junho, a autoridade monetária decidiu manter os juros inalterados pela quarta vez consecutiva.

    A decisão de não reduzir a taxa de juros vem sendo duramente criticada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que tem feito uma série de ataques públicos ao chefe do Fed, Jerome Powell.

    Tarifaço de Trump

    Outro foco de atenção no mercado nesta semana são os anúncios de novas tarifas comerciais impostas pelo governo Trump a diversos países.

    Na terça-feira, Trump disse que o governo norte-americano vai anunciar uma taxação de 50% sobre o cobre importado pelo país. Se a promessa do republicano se confirmar, as tarifas sobre o cobre serão do mesmo patamar daquelas que estão em vigor desde o dia 4 de junho para o aço e o alumínio.

    Trump também voltou a ameaçar taxar os países que compõem os Brics. “Eles têm que pagar 10% se estiverem no Brics, porque o Brics foi criado para nos prejudicar. O Brics foi criado para desvalorizar o nosso dólar. Tudo bem se eles quiserem jogar esse jogo, mas eu também posso jogar”, disse Trump. Questionado por repórteres sobre quando a medida deve entrar em vigor, o presidente dos EUA afirmou que “será em breve”.

    Nessa nova rodada de tarifas, Trump usou sua própria rede social, a Truth Social, para anunciar taxas adicionais de 25% para Japão, Coreia do Sul, Malásia e Cazaquistão. Ele também determinou taxas de 30% para a África do Sul e de 40% para Mianmar e Laos. Algumas horas depois, foram anunciadas tarifas de 36% para Tailândia e Camboja, 35% para Sérvia e Bangladesh, 32% para a Indonésia, 32% para a Bósnia e 25% para a Tunísia.

    No início da semana, o governo Trump começou a enviar cartas a alguns países nas quais anuncia a aplicação de novas tarifas comerciais. No último fim de semana, a Casa Branca decidiu prorrogar o prazo para que as tarifas entrassem em vigor. Ele se encerraria no dia 9 de julho e foi estendido até 1º de agosto.