Depois de operar em alta ao longo de toda a manhã, o dólar encerrou o dia em queda de 0,26%, cotado a R$ 5,54, no fim do pregão desta quinta-feira (17/7). Já o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fez o caminho contrário. Iniciou a sessão em baixa, mas fechou com leve avanço de 0,04%, aos 135.564 pontos. Por ser pequena, essa variação indica estabilidade do indicador.
A forte oscilação dos mercados de câmbio e ações nesta quinta-feira foi atribuída por analistas a dois fatores. A repercussão das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros foi um deles. Elas devem entrar em vigor em 1º de agosto.
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Trump também acionou, na noite de terça-feira (15/7), o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) para investigar o Brasil. Nesse caso, o órgão analisará supostos “atos, políticas ou práticas” que possam prejudicar o comércio americano.
IOF no STF
O segundo fator que ampliou a tensão nos mercados foi a decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve a maior parte dos aumentos propostos pelo governo federal para o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Para alguns analistas, a medida, que havia sido derrubada no Congresso, representou uma vitória do Planalto e pode piorar a relação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo nas próximas semanas.
Para Matheus Amaral, especialista em renda variável do Banco Inter, o Ibovespa reagiu nesta quinta-feira mais ao risco de deterioração nas relações entre os poderes do que a “impactos reais do aumento do IOF nas companhias”.
Lucas Almeida, especialista em investimentos e sócio da AVG Capital, tem opinião semelhante. “A volatilidade da Bolsa foi reflexo direto da deterioração do ambiente institucional”, diz. “A decisão do STF sobre o IOF, com cobrança retroativa do imposto, pegou mal. E isso não só pelo impacto arrecadatório, mas pela insegurança jurídica que pode provocar.”
Dólar na contramão do mundo
Em relação ao dólar, a queda registrada no Brasil veio na contramão da tendência global de alta da moeda americana. O índice DXY, que compara o dólar em relação a uma cesta de seis divisas de países desenvolvidos, subiu 0,35%. Na comparação com países emergentes, também houve elevação. Ela foi de 0,24% sobre o peso mexicano e de 0,25% em relação ao colombiano.