MAIS

    Dólar sobe com guerra do IOF, emprego nos EUA e pacote fiscal de Trump

    Por

    O dólar operava em alta nesta quarta-feira (2/7), em mais um dia no qual os investidores repercutem a escalada de tensão nas relações entre o governo federal e o Congresso Nacional por causa do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

    No cenário internacional, o principal destaque do dia é a divulgação de novos dados de emprego dos Estados Unidos, na véspera do anúncio do “payroll” – o relatório oficial de empregos no país, previsto para quinta-feira (3/7).

    Dólar

    • Às 9h13, a moeda norte-americana avançava 0,25% e era negociada a R$ 5477.
    • No dia anterior, o dólar fechou em alta de 0,51%, cotado a R$ 5,461.
    • Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 0,51% em julho e perdas de 11,63% em 2025.

    Ibovespa

    • As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
    • Na véspera, o indicador fechou o pregão em alta de 0,5%, aos 139,5 mil pontos.
    • Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula valorização de 0,5% no mês e de 16,02% no ano.

    Guerra entre governo e Congresso por IOF

    Nessa terça-feira (1º/7), o advogado-geral da União, Jorge Messias, confirmou que o governo federal decidiu ingressar com Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) no Supremo Tribunal Federal (STF) para manter o decreto que aumenta o IOF.

    A AGU sustenta que o Decreto nº 12.499/2025, editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é constitucional porque tem como fundamento direto a prerrogativa concedida pela própria Constituição Federal ao chefe do Poder Executivo para a adoção de tal ato.

    Em coletiva, na sede da AGU, Messias ressaltou que atende a uma determinação de Lula, que, segundo ele, “foi precedida de um amplo estudo técnico-jurídico”.

    A AGU afirma que foi solicitado ao Ministério da Fazenda amplo estudo a respeito da tramitação da proposta de decreto presidencial, desde sua origem na Fazenda, passando pela Casa Civil da Presidência da República, até a adoção do decreto presidencial por Lula.

    Leia também

    Para a AGU, além de respeitar a regra de competência prevista na Constituição, o decreto editado pelo presidente da República não extrapolou os limites previstos na Lei nº 8.894/1994, observando a alíquota máxima do IOF estabelecida em 1,5% ao dia.

    Nesta quinta-feira, Lula chamou de “absurda” a decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar a votação do projeto de decreto legislativo (PDL) que derrubou o aumento do IOF.

    Em entrevista ao Jornal da Manhã, na Bahia, o chefe do Planalto falou em “descumprimento de acordo”, mas afirmou que pretende conversar com os presidentes das duas Casas legislativas quando retornar da viagem ao Rio de Janeiro, para participar da Cúpula de Líderes do Brics.

    “O erro, na minha opinião, foi o descumprimento de um acordo que tinha sido feito num domingo à meia-noite, na casa do presidente Hugo Motta. Lá, estavam vários ministros, vários deputados, estava o companheiro Fernando Haddad, com a sua equipe. Festejaram o acordo no domingo, eu estava em Nice, no Congresso dos Oceanos, na França. Eu liguei pra Gleisi Hoffmann, perguntei como foi a reunião, ela estava maravilhada, nunca vi tanto abraço, tanto carinho, tanta concordância. Quando chega na terça-feira, o presidente da Câmara toma uma decisão que eu considerei absurda”, criticou Lula.

    Emprego nos EUA

    Além do noticiário doméstico, o mercado segue atento a novos dados sobre a economia norte-americana, especialmente relacionados ao emprego.

    O destaque do dia é a divulgação do relatório de empregos no setor privado da Automatic Data Processing (ADP), considerado uma prévia do “payroll”.

    Também nesta quarta, o Departamento de Energia do governo dos EUA divulga dados sobre os estoques semanais de petróleo da Administração de Informação de Energia (AIE). O indicador influencia os preços da commodity e os ativos ligados ao setor de energia.

    Pacote fiscal de Trump

    Ainda na cenário internacional, as atenções dos investidores se voltam para a Câmara dos Representantes dos EUA, que deve votar nesta quarta o pacote fiscal apresentado pelo governo do presidente Donald Trump.

    Na véspera, o texto foi aprovado no Senado norte-americano em votação apertada.

    Trump batizou o projeto como “Grande e Lindo”, ou “One Big Beautiful Bill”, em inglês. Entre os temas do documento, estão o aumento de investimento para deportações em massa e cortes de gastos em impostos, no programa de saúde social dos EUA, o Medicaid, e na energia verde. A aprovação do texto encerra semanas de negociações sobre a legislação.

    O “Grande e Lindo Projeto de Lei” resgata a Lei de Cortes de Impostos e Empregos sancionada por Trump em 2017. A medida aumenta a dedução padrão em US$ 1 mil para indivíduos, US$ 1,5 mil para chefes de família e US$ 2 mil para casais até 2028.

    O projeto de lei prevê uma série de novas isenções fiscais, mas apenas enquanto Trump for presidente. Os contribuintes poderão deduzir a renda proveniente de gorjetas e horas extras, além de juros sobre empréstimos para a compra de carros montados nos EUA.

    O Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) receberá US$ 45 bilhões para centros de detenção, US$ 14 bilhões para operações de deportação e bilhões de dólares a mais para contratar mais 10 mil novos agentes até 2029. Além disso, o projeto de lei aloca mais de US$ 50 bilhões para a construção de novas fortificações na fronteira.

    O projeto de lei aumentará a autoridade do governo dos EUA para tomar empréstimos, conhecida como limite da dívida, em US$ 5 trilhões. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, previu que o governo atingirá o limite até agosto, momento em que poderá entrar em default e desencadear uma crise financeira.