MAIS

    Dólar sobe com redução do congelamento no Brasil e acordos por tarifas

    Por

    O dólar operava em alta nesta quarta-feira (23/7), em meio à repercussão no mercado da reversão do contingenciamento de R$ 20,7 bilhões do Orçamento deste ano, anunciada na véspera pelo governo federal.

    Os investidores também acompanham o noticiário envolvendo os primeiros acordos entre os Estados Unidos e países alvos das tarifas comerciais impostas pela Casa Branca. As novas taxas devem entrar em vigor no dia 1º de agosto.

    Ainda no cenário externo, o mercado aguarda a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que definirá a taxa básica de juros. O anúncio será feito na quinta-feira (24/7).

    Dólar

    • Às 9h20, a moeda norte-americana avançava 0,13% e era negociada a R$ 5,575.
    • No dia anterior, o dólar fechou praticamente estável, em leve alta de 0,04%, cotado a R$ 5,56.
    • Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 2,46% em julho e perdas de 9,92% frente ao real em 2025.

    Ibovespa

    • As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.
    • Na véspera, o indicador fechou o pregão também perto da estabilidade, em alta de 0,1%, aos 134 mil pontos.
    • Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula queda de 3,47% no mês e valorização de 11,43% no ano.

    Fôlego no Orçamento

    O governo federal decidiu, nessa terça-feira (22/7), reverter completamente o contingenciamento de R$ 20,7 bilhões do Orçamento deste ano. O bloqueio, por sua vez, saiu de R$ 10,6 bilhões para R$ 10,7 bilhões, um aumento de 0,1 bilhão em comparação ao 2º bimestre de 2025.

    Esta é mais uma das medidas para cumprir a meta de gastos do arcabouço fiscal, como é chamada a nova forma de controle de gastos públicos.

    A medida faz parte do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) do 3º bimestre, documento bimestral que avalia a evolução das receitas e despesas primárias do governo central. É por meio do relatório bimestral que a equipe econômica decide liberar ou conter gastos.

    O alívio nas contas públicas vem após o Planalto reverter o impasse em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Com a retomada da validade do decreto, o governo espera arrecadar R$ 12 bilhões em 2025.

    O detalhamento da contenção, por órgão, ainda não saiu e estará em decreto a ser publicado em 30 de julho. Os órgãos deverão indicar onde serão feitos os bloqueios e contingenciamentos em até cinco dias úteis.

    Tecnicamente, bloqueio e contingenciamento são duas coisas diferentes, embora sejam usadas como sinônimos. Enquanto o contingenciamento guarda relação com as receitas, o bloqueio é impactado pelas despesas.

    O contingenciamento é necessário quando a receita não consegue comportar o cumprimento da meta de resultado primário (receitas menos despesas, sem contar os juros da dívida) estabelecida, que é de déficit zero em 2025. Ou seja, a arrecadação com impostos federais (quanto o governo tem nos cofres) é menor do que a projetada pela equipe econômica para o período.

    Enquanto o bloqueio se faz necessário quando as despesas obrigatórias (como os benefícios previdenciários, pagamentos de pessoal e despesas mínimas para saúde e educação) crescem e o governo precisa cortar esses gastos. Nesse caso, a União pode escolher quais programas serão afetados pelos bloqueios.

    O governo fez a primeira contenção no Orçamento em 22 de maio, na cifra de R$ 31,3 bilhões. Do montante congelado, R$ 10,6 bilhões foram bloqueados e R$ 20,7 bilhões contingenciados.

    Para este ano, a meta fiscal é de déficit zero, ou seja, o equilíbrio das receitas e despesas das contas públicas. De acordo com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, as projeções de 2026 até 2028 são de superávit.

    Leia também

    Acordos sobre o tarifaço

    O principal destaque do cenário econômico internacional continua sendo o tarifaço comercial imposto pelo governo de Donald Trump, dos EUA, contra diversos países do mundo.

    Na terça-feira, Trump recuou e decidiu baixar a tarifa imposta contra o Japão para 15%, em um acordo classificado pelo presidente dos Estados Unidos como “gigantesco”. Por meio de um comunicado divulgado na rede social Truth Social, o líder norte-americano afirmou que o pacto prevê investimentos japoneses nos EUA na casa dos US$ 550 bilhões. A maior parte do lucro, cerca de 90%, deve ir para os cofres do país, destacou Trump.

    Além disso, o presidente dos EUA afirmou que o Japão também deve abrir seu comércio para alguns itens. “Este acordo criará centenas de milhares de empregos – nunca houve nada parecido”, disse o presidente dos EUA. “Talvez o mais importante seja que o Japão abrirá o país ao comércio, incluindo carros e caminhões, arroz e alguns outros produtos agrícolas, entre outros.”

    No início do mês, Trump anunciou uma tarifa de 25% sobre todos os produtos exportados do Japão para os EUA. Anteriormente, no chamado “Dia da Libertação”, a alíquota foi fixada em 24%.

    Ainda na terça-feira, o presidente dos EUA já havia recuado em sua guerra tarifária. Após reunião na Casa Branca com o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos, Trump reduziu a alíquota sobre produtos do país de 20% para 19%. O mesmo aconteceu com a taxa contra importações vindas da Indonésia, que foi de 32% para 19%.

    Juros na Europa

    Outro destaque desta semana é a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que decidirá a nova taxa de juros. O encontro está previsto para quinta-feira.

    Em sua última reunião, a autoridade monetária europeia reduziu as taxas de juros em 0,25 ponto percentual. Com isso, a taxa de depósito caiu de 2,25% para 2%; a de refinanciamento, de 2,4% para 2,15%, e a de empréstimos, de 2,65% para 2,4%.

    Na véspera, a maioria das principais bolsas de valores da Europa fechou em queda.