A empresa de Francisco Balbino Dias (foto de destaque, à direita), atual secretário de Segurança de Suzano, na região metropolitana de São Paulo, é subcontratada por uma organização social para fazer a vigilância de um hospital público da cidade.
Formalmente, a Sniper Segurança e Serviços está em nome da esposa de Francisco, Roberta de Lima Bispo Balbino Dias, mas é ele quem aparece em fotos de reuniões com clientes publicadas nas redes sociais (veja abaixo).
A empresa faz a vigilância do Hospital e Maternidade de Suzano, onde ficava a antiga Santa Casa, por meio do contrato da prefeitura da cidade com o Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS).
Francisco Balbino (primeiro da esq.) é marcado nas fotos do perfil da Sniper
Reprodução/Instagram
Pelas redes sociais, Balbino (segundo da esq.) aparece em reuniões da empresa
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Balbino entrou para a gestão pública em 2020, quando foi nomeado diretor do gabinete pelo então prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (foto de destaque, à esquerda), hoje secretário do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo. No final de 2024, Balbino foi promovido a secretário pelo atual prefeito e sucessor de Ashiuchi, Pedro Ishi.
Foi Ashiuchi quem transformou a Santa Casa no Hospital Maternidade, por meio de um chamamento público para a locação do prédio da instituição cuja única empresa a apresentar proposta foi o INTS.
Enquanto Ashiuchi atuou na administração municipal de Suzano, entre 2020 e 2024, a Sniper assumiu, por meio do instituto, não só a segurança do Hospital Maternidade, mas também da UPA Jardim Revista, de outras unidades de saúde de Suzano, e da UPA Oropó, na vizinha Mogi das Cruzes.
Posto de gasolina de ex-prefeito abastece ambulâncias
O INTS atua em outras cinco cidades do estado de São Paulo, onde também está envolvido em casos de subcontratação de empresas de políticos — incluindo o secretário municipal de Saúde da capital, Luiz Carlos Zamarco. Mas foi em Suzano que o Metrópoles encontrou a maior quantidade desses acordos.
Os contratos do instituto na cidade começaram em 2014, durante a gestão do prefeito Paulo Fumio Tokuzumi (PSDB), que tinha como padrinho político o ex-prefeito de Suzano e então deputado estadual Estevam Galvão de Oliveira.
Assim que o INTS passou a atuar na cidade, o posto de gasolina de Estevam passou a abastecer, por meio do instituto, o combustível dos veículos usados nos serviços de saúde. O ex-prefeito morreu em junho de 2024, mas a empresa ainda tem contrato ativo com o instituto.
Assim como Estevam, a empresa do seu ex-assessor na Assembleia Legislativa Jorge Romanos Junior também foi subcontratada pelo INTS na época para prestar o serviço de comunicação e marketing das unidades de saúde de Suzano. Os contratos venceram em 2024. Jorge Romanos atualmente ocupa o cargo de secretário especial de gabinete da cidade de Bragança Paulista, no interior do estado.
Como é a atuação do INTS em Suzano
- Em Suzano, o INTS tem contratos de gestão da UPA 24h André de Abreu, do Samu de Suzano, do Hospital Maternidade (antiga Santa Casa) além de dezenas de unidades de saúde da cidade.
- O instituto “quarteiriza” os serviços de saúde, subcontratando empresas para o fornecimento de materiais, contratação de plantonistas, realização de exames médicos e outras atividades
- O Metrópoles identificou empresas contratadas para atuar no Hospital Maternidade (antiga Santa Casa da cidade) vinculadas ao secretário municipal de saúde de São Paulo, Luiz Carlos Zamarco, ao secretário de Segurança Cidadã de Suzano, Francisco Balbino Dias, e ao ex-prefeito da cidade Estevam Galvão.
- Além dos contratos de Suzano, o INTS também atua em outras cinco cidades do estado: na cidade de São Paulo, em Bertioga, Suzano, Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba, e em municípios de Minas Gerais e da Bahia.
- Em Salvador, o instituto foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).
O que dizem a Prefeitura de Suzano e o INTS sobre os contratos
Consultada pelo Metrópoles, a Prefeitura de Suzano disse que não tinha conhecimento sobre o contrato com a empresa do secretário e que “tão logo tomou conhecimento da situação, determinou imediata apuração interna e notificou o INTS para que promovesse as adequações necessárias”. Segundo a gestão, “a organização já iniciou os procedimentos de distrato contratual com a referida empresa”.
A respeito dos contratos firmados com a empresa de Estevam e de seu ex-assessor, a gestão escreveu que “por se tratar de um contrato firmado há mais de 10 anos, por outras gestões, a Prefeitura de Suzano desconhece o fato”. A administração municipal também disse que “leva em conta as aprovações das contas dos ex-prefeitos via Tribunal de Contas e de decisões a partir de órgãos reguladores e de fiscalização”.
O INTS disse que “desconhece a relação de parentesco informada e que a contratação é anterior ao contrato desta OSS, sendo assinado pela então Santa Casa de Suzano”.
Já em relação à contratação do posto de gasolina do ex-prefeito, o instituto diz que “se trata de um contrato de fornecimento de combustível cuja empresa foi declarada vencedora no processo seletivo, cumprindo todos os ritos legais do Regulamento para Aquisição de Bens e Contratações de Obras, Serviços e Locações do INTS, bem como a empresa cumpre todas as suas obrigações contratuais na execução do serviço”.