A relação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o financista condenado por crimes sexuais Jeffrey Epstein voltou a provocar turbulência política nos Estados Unidos. O caso ganhou um novo capítulo nessa quarta-feira (23/7), a partir de uma reportagem publicada pelo The Wall Street Journal revelando que o Departamento de Justiça informou formalmente a Trump, em maio deste ano, que seu nome aparecia nos arquivos do caso Epstein — contrariando declarações do presidente.
Segundo o jornal, a procuradora-geral Pam Bondi e o vice-procurador se reuniram com Trump na Casa Branca e comunicaram que ele era citado nos documentos junto a outras figuras públicas.
A seguir, veja o que se sabe até agora, o histórico da relação entre os dois e por que o episódio se tornou um problema político para o republicano.
Quem foi Jeffrey Epstein?
Jeffrey Epstein era um bilionário norte-americano com conexões em altos círculos políticos, financeiros e artísticos. Ele foi acusado de abusar sexualmente de centenas de meninas menores de idade entre os anos 1990 e 2000.
Epstein oferecia dinheiro às vítimas e também as instruía a recrutar outras meninas para os abusos.
Ele foi preso pela primeira vez em 2008, após se declarar culpado em um acordo polêmico que lhe garantiu uma pena leve.
Em 2019, novas investigações federais levaram à sua prisão. Epstein foi encontrado morto em sua cela em agosto do mesmo ano. A morte foi registrada como suicídio, mas gerou teorias da conspiração até hoje.
O que é a lista de Epstein?
A chamada “lista de Epstein” é um termo que surgiu entre o público e a mídia para se referir a um suposto documento contendo nomes de pessoas influentes que teriam se envolvido com o esquema de exploração sexual operado por Epstein.
Apesar das especulações, até hoje nenhuma lista oficial de clientes foi confirmada pelo Departamento de Justiça dos EUA.
O que existe são arquivos com registros de voos, agendas, provas apreendidas e nomes mencionados durante depoimentos ou investigações — alguns deles relacionados a Epstein por laços sociais.
Leia também
-
Juíza nos EUA proíbe publicação de arquivos secretos de Epstein
-
Trump foi informado em maio que aparecia nos arquivos de Epstein
-
Trump enviou carta com desenho de mulher nua a Epstein, diz jornal
-
Após ataques de apoiadores, Trump diz que lista de Epstein é “farsa”
Qual é a relação de Donald Trump com Epstein?
Os dois foram amigos próximos durante os anos 1990 e início dos anos 2000. Frequentaram festas juntos e aparecem em registros fotográficos em eventos sociais.
Em 2002, Trump chegou a elogiar Epstein publicamente, dizendo que ele “gostava de mulheres jovens”.
No entanto, após as denúncias contra Epstein ganharem força, Trump afirmou ter rompido a amizade antes mesmo da prisão de 2006.
Ao longo de todas as investigações, ele nunca foi formalmente acusado nem investigado por participação nos crimes.
Por que o caso voltou à tona agora?
O republicano prometeu que, se voltasse à Casa Branca, divulgaria todos os documentos confidenciais relacionados a Epstein.
Em fevereiro de 2025, alguns arquivos foram liberados pelo governo, mas não havia ali nenhuma “lista de clientes”. Ainda assim, a expectativa era de que mais revelações fossem feitas.
6 imagens
Fechar modal.
1 de 6
Donald Trump, Melania Trump, Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell
Davidoff Studios/Getty Images2 de 6
Jeffrey Epstein, acusado e preso por abusar de meninas de 14 anos e por operar uma rede de exploração sexual
Foto: Rick Friedman/Corbis via Getty Images3 de 6
Melania Trump, príncipe Andrew, Gwendolyn Beck e Jeffrey Epstein
Davidoff Studios/Getty Images4 de 6
Presidente dos EUA, Donald Trump
Kevin Dietsch/Getty Images5 de 6
A foto foi tirada em 1997. Jeffrey Epstein e Donald Trump participavam de um evento realizada no resort Mar-a-Lago Club
Davidoff Studios/Getty Images
6 de 6
Presidente dos EUA, Donald Trump
O que dizem os documentos revelados?
- Registros de voo: Trump aparece em voos com Epstein e outras pessoas conhecidas.
- Provas apreendidas: câmeras, computadores, fotos de mulheres, documentos e mídias digitais.
- Depoimentos: nomes como o ex-presidente Bill Clinton e o príncipe Andrew foram citados em testemunhos. Ambos negam envolvimento com os crimes.
- Segundo o Departamento de Justiça, não há provas da existência de uma “lista de clientes” formal.
As reações de Trump
O presidente dos EUA mudou de tom nas últimas semanas. Após chamar a ausência da lista de “estranha”, Trump passou a dizer que a “lista de Epstein é uma farsa” e que as teorias são alimentadas pela “esquerda radical”.
Ele também afirmou que respeitaria a decisão do Departamento de Justiça de manter o restante dos documentos em sigilo. A mudança de postura irritou aliados, que exigem transparência total sobre o caso.