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Esquina Maluca: conheça “superbiqueira” do PCC no interior de SP

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Esquina Maluca: conheça “superbiqueira” do PCC no interior de SP

Um bairro dominado pelo tráfico de drogas em Araçatuba, no interior de São Paulo, expôs às autoridades os reflexos do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas ruas do estado. No bairro São José, na periferia do município, se formou uma “superbiqueira”: trata-se da Esquina Maluca, braço local da facção paulista.

Segundo o delegado Juliano Albuquerque, da Polícia Civil de Araçatuba, o grupo, que tem esse nome por ter se instalado em uma esquina do bairro, é bastante conhecido e antigo na cidade, e é o ponto central do tráfico de drogas no território.

No local, de frente para um bar, lideranças do tráfico deixam traficantes de menor expressão no comando da venda de drogas. Todo o aparato é fornecido pelo PCC: tanto os pontos de venda, as chamadas “biqueiras”, quanto a mercadoria comercializada.

Quando o gerente de uma biqueira é preso, ele disponibiliza o ponto para outro traficante através de um contrato de aluguel – que começa em torno de R$ 400 e varia a depender da localização e da rentabilidade da substância vendida.

Uma denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) mostrou que, assim como o PCC, o grupo tem uma estrutura bem estabelecida, com cargos definidos.

Além das lideranças, responsáveis pelo comando coletivo, há os gerentes, encarregados do controle logístico, segurança armada e movimentação de drogas. Há ainda vendedores e olheiros, responsáveis pela comercialização e vigilância do território, o que atrapalha a ação policial.

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Conjunto Habitacional Mão Divina, no bairro São José, onde opera um terceiro grupo responsável pelo tráfico local

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Bairro São José, em Araçatuba (SP), onde o grupo Esquina Maluca lidera o tráfico local

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Gráfico revela novo organograma do PCC, maior facção do país

Carla Sena/Arte/Metrópoles4 de 4

Muro pichado com sigla da facção paulista PCC

Arquivo/Agência Brasil

De acordo com Juliano, mesmo descaracterizado, é um desafio fazer investigações em campo no local por conta do monitoramento.

“Ali era um lugar complicado para a gente chegar, porque eles tinham ao redor do bairro vários olheiros que impediam a entrada da polícia. Eles tinham todo um esquema para que não acontecesse o flagrante do tráfico naquele momento”, afirmou o  promotor Rodrigo Alves Gonçalves, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), em entrevista ao Metrópoles.

Mesmo com a prisão de sete membros do grupo, as autoridades reconhecem que acabar com o tráfico local também é um desafio. Isso porque os criminosos responsáveis pela venda de drogas são rapidamente substituídos. “A gente prende uma pessoa e, no mesmo instante, tem uma fila já querendo trabalhar”, disse Juliano à reportagem.

Da mesma forma, também se formam filas para comprar drogas no local, o que movimenta milhares de reais por dia, informou o promotor do Gaeco, Carlos Gaya.

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Rivalidade com grupos locais

De acordo com os investigadores, a Esquina Maluca é o principal ponto de tráfico dentro do bairro São José, que tem presença de outros dois grupos criminosos: o Paredão e outro de menor expressão, dentro do conjunto habitacional Mão Divina, chamado por Juliano de “Castelinho”.

Paredão e Esquina Maluca são rivais, o que já rendeu ameaças de morte e até mesmo homicídio, ainda sob investigação para confirmar o envolvimento dos dois bandos. Apesar de inimigos, os dois grupos contariam com o suporte do PCC – o que também é objeto de investigações em andamento.

Apesar de não ter desmantelado os grupos, a operação policial de setembro do ano passado que prendeu lideranças dos grupos fez com que o tráfico de drogas diminuísse drasticamente no território. Ao mesmo tempo, nenhum homicídio foi cometido no São José desde então, informou Rodrigo.

“A gente já tem informações de que outros estão ocupando esses lugares, mas talvez não com a mesma potência e com a mesma liderança. Mas o tráfico ainda permanece objeto de investigações e nós estamos tentando sufocar novamente”, disse o promotor do Gaeco.

Agora, a Polícia Civil e o Gaeco apuram o patrimônio erguido com o tráfico de drogas. Segundo o agente, uma nova investigação analisa as formas de lavagem de dinheiro adotadas pelos criminosos e quanto dinheiro o bando movimentou.

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