Cientistas do Centro de Pesquisa Jülich e da Universidade RWTH Aachen, ambos na Alemanha, descobriram que psicopatas possuem semelhanças na estrutura cerebral que os diferenciam do restante da população. O estudo foi publicado no periódico European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience em maio.
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Os pesquisadores compararam exames cerebrais de homens diagnosticados com psicopatia e outros que não tinham a condição. Em seguida, eles utilizaram ressonância magnética estrutural e a Lista de Verificação de Psicopatia (PCL-R, em inglês) de 39 individuos do sexo masculino.
O PCL-R é uma ferramenta que avalia três pontuações: pontuação geral de psicopatia; pontuação do fator 1, que mede características emocionais e interpessoais, como frieza e manipulação; e pontuação do fator 2, que avalia comportamentos impulsivos e antissociais, como agressividade e irresponsabilidade.
“A psicopatia é um dos maiores fatores de risco para violência grave e persistente”, escrevem os pesquisadores no artigo publicado.
O que os pesquisadores descobriram?
Após as análises, os cientistas detectaram que houveram pequenas diferenças na pontuação do fator 1, mas o fator 2 apresentou fortes reduções de volume em algumas regiões do cérebro, como a ponte do tronco cerebral, tálamo, gânglios da base e no córtex insular.
Pesquisadores buscam maneiras de tratar pacientes psicopatas
Em média, os cérebros dos psicopatas eram 1,45% menores do que os do grupo de controle, sugerindo possíveis anomalias no desenvolvimento neurológico.
“Os resultados atuais sugerem que os distúrbios comportamentais capturados pelo fator 2 do PCL-R estão associados a déficits de volume em regiões que pertencem aos circuitos frontais-subcorticais que podem estar envolvidos no controle comportamental”, afirmam os estudiosos.
Essas regiões cerebrais estão ligadas à regulação emocional, controle de impulsos, motivação e tomada de decisões. A alteração nessas áreas pode ser uma possível explicação para a tendência de comportamentos impulsivos, antissociais e violentos.
Apesar dos resultados promissores, o estudo enfrenta algumas limitações. A amostra da pesquisa foi relativamente pequena e com pouca diversidade, exigindo estudos maiores e mais abrangentes. Além disso, fatores como traumas passados ou uso de drogas também precisam ser levados em consideração como possíveis causas para as mudanças no cérebro.
Por outro lado, o achado abre novos caminhos para compreender melhor a psicopatia, podendo auxiliar na prevenção ou tratamento de comportamentos violentos associados à condição no futuro.
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