Deram-se conta de que escalam as declarações de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, não só sobre a economia, mas também sobre temas políticos? Comecem a prestar atenção.
Haddad, que Lula, por brincadeira, sempre disse que era o mais tucano dos petistas, está cada vez mais à vontade para bater de frente com todos os tons da direita. Ele antes evitava.
Somente ontem, ele disparou em duas direções:
“A família Bolsonaro conspirando contra o Brasil e ameaçando o país, dizendo que, se não houver anistia, a situação tende a piorar. O que significa isso? Não conheço precedente histórico para uma coisa tão vergonhosa quanto a atitude dessa família”.
“O governador [Tarcísio] errou muito. Porque ou uma pessoa é candidata a presidente, ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem desde 1822. O que ele pretende? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem nenhum sentido?”
Márcio França, ministro do Empreendedorismo, da Microempresa, também atirou em Tarcísio:
“Depois do erro grave cometido de fazer campanha para o americano e ele [Trump] estar prejudicando os produtores de São Paulo, de cana-de-açúcar, álcool, Tarcísio, não precisa fazer harakiri, é só renunciar”.
A ministra Simone Tebet, do Planejamento, toca de ouvido com Haddad. O que ela postou ontem na sua conta do X:
“Rui Barbosa dizia que “a pátria é a família amplificada”. Nessa família, a Pátria é a mãe, a mãe de todos nós. O nosso país, o nosso território, a nossa casa, a nossa gente. Aqui, nosso povo vive, trabalha, produz. Não se xinga a mãe, não se recorre a outros quintais, outros países, para atacar a nossa soberania nacional. Ninguém pode, em benefício próprio, abrir os portões da nossa casa coletiva, para que ela seja atacada.”
Em sessão da Comissão Mista do Orçamento no Congresso, na última terça-feira (8), Simone afirmou:
“Estamos dizendo para aqueles que não pagam, ou pagam 3% ou 4%, que eles paguem 10%. Se isso não for justiça tributária, se isso for ser de esquerda, eu, que nunca fui de esquerda, tenho que me considerar de esquerda”.
Vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin chamou de equivocado o tarifaço de Donald Trump e mirou no clã Bolsonaro.
Primeiro, lembrou a trágica condução do governo Bolsonaro durante a pandemia de covid-19, os ataques ao meio ambiente e a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023. Depois, encaixou:
“Agora a gente vê que esse clã, mesmo fora do governo, continua trabalhando contra o povo brasileiro. Antes era atentado à democracia, agora é um atentado à economia, prejudicando as empresas e prejudicando os empregos. Então, [quero] lamentar profundamente uma ação contra o interesse do povo brasileiro”.
A chapa de parte dos que cercam Lula é Alckmin (PSB) para o governo de São Paulo, França (PSB) para vice, e Simone (MDB) e Haddad (PT) candidatos às duas vagas de senador.
Se tal chapa tornar-se possível, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pensará uma, duas, muitas vezes se deverá mesmo se arriscar a concorrer à Presidência da República no próximo ano.