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    Falta de chuva reduz drasticamente o açúcar e as calorias da flores

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    Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP), e publicado na revista Nature, mostra que períodos prolongados de seca podem reduzir em até 95% o valor energético do néctar das flores.

    Mudanças climáticas severas podem afetar drasticamente a alimentação de polinizadores e, por consequência, a reprodução das plantas e também a agricultura. Em entrevista à Agência Fapesp, Elza Guimarães, professora do IBB e coordenadora da pesquisa, afirma: “Sem néctar para consumir, as abelhas vão embora, as plantas não reproduzem e os agricultores perdem a produção”.

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    Para o estudo, os pesquisadores simularam cenários de escassez hídrica em estufas tropicais e observaram como o volume e a qualidade do néctar foram afetados. Em condições extremas de seca, a redução de açúcares no néctar foi de 1,3 toneladas para apenas 71 quilos por hectare, um impacto severo na fonte de energia de abelhas, beija-flores e outros polinizadores.

    A relação entre seca extrema e  polinizadores

    • Secas extremas podem reduzir em até 95% o valor energético do néctar.
    • Polinizadores dependem do néctar para obter energia e manter a reprodução das plantas.
    • Mesmo reduções moderadas de chuva causam perdas significativas no néctar.
    • A escassez pode impactar a produção agrícola e a segurança alimentar.

    Os experimentos foram feitos com 120 mudas de abobrinha, semeadas, irrigadas e nutridas da mesma forma até brotarem. Depois, foram separadas em quatro grupos de 30: cada grupo foi irrigado de formas diferentes com simulações de aumento, redução, excesso e seca dos períodos chuvosos previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

    Durante 60 dias em estufa fechada, foram medidas a quantidade de néctar e de açúcares totais sob cada flor e cada planta. No grupo que recebeu redução de 30% no volume de chuvas, a quantidade de açúcar disponível caiu 34%. Isso indica que, na seca, há menos recursos disponíveis para os polinizadores.

    Mesmo que os estudos estejam em fases iniciais, o experimento indica que a segurança da produção agrícola e a alimentação dos humanos está diretamente ligada à segurança alimentar dos polonizadores.

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