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    Farra do INSS: Ministério da Previdência apura consignados da Crefisa

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    O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), disse, nesta sexta-feira (11/7), que a Crefisa é alvo de uma auditoria interna da pasta para verificar reclamações contra empréstimos consignados oferecidos pela empresa de crédito.

    A informação foi repassada em sabatina da 20ª edição do congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Em um dos painéis, na manhã desta sexta, o ministro respondeu às perguntas dos jornalistas Breno Pires, Basília Rodrigues e Luiz Vassallo.

    6 imagensO Ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT), participou de painel em Congresso da Abraji, com os jornalistas Basília Rodrigues, Breno Pires e Luiz Vassallo.O repórter do Metrópoles, Luiz Vassallo, em entrevista com o ministro Wolney Quieroz (PDT), durante congresso da AbrajiOs jornalistas Breno Pires e Luiz Vassallo sabatinaram o ministro da Previdência Wolney Queiroz (PDT), com mediação de Basília Rodrigues, no 20º Congresso da Abraji.Ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz contando sobre o caso do INSS, em audiência do SenadoO ex-ministro da Previdência Carlos Lupi inidicou Wolney Queiroz para a equipe de transição do governo LulaFechar modal.1 de 6

    Ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), durante sabatina no 20º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

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    O Ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT), participou de painel em Congresso da Abraji, com os jornalistas Basília Rodrigues, Breno Pires e Luiz Vassallo.

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    O repórter do Metrópoles, Luiz Vassallo, em entrevista com o ministro Wolney Quieroz (PDT), durante congresso da Abraji

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    Os jornalistas Breno Pires e Luiz Vassallo sabatinaram o ministro da Previdência Wolney Queiroz (PDT), com mediação de Basília Rodrigues, no 20º Congresso da Abraji.

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    Ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz contando sobre o caso do INSS, em audiência do Senado

    VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES 6 de 6

    O ex-ministro da Previdência Carlos Lupi inidicou Wolney Queiroz para a equipe de transição do governo Lula

    KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES
    @kebecfotografo

    Investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal (PF) apuram se há relação entre a farra dos descontos indevidos de aposentadorias, revelada pelo Metrópoles, e empresas de crédito consignado que, assim como as associações investigadas, dependem de acordos técnicos com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) para receber pagamentos direto da folha de pagamento de aposentados e pensionistas.

    No fim de 2024, a Crefisa venceu 25 dos 26 lotes de um leilão do INSS para fazer o pagamento dos benefícios previdenciários. A empresa começou a operar em janeiro, mas é alvo de reclamações semelhantes às denúncias sobre associações de aposentados, que são alvo da Operação Sem Desconto, da PF.

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    A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) encaminhou ofício ao INSS, à DataPrev, à CGU, ao Banco Central e à Federação Brasileira de Bancos (Febrabran) em que solicita esclarecimentos urgentes sobre supostas violações contratuais cometidas pela Crefisa, como empréstimos não solicitados e falta de transparência.

    Questionado pelo repórter do Metrópoles Luiz Vassallo, autor da série de reportagens que revelou o escândalo do INSS, se algum banco passa por escrutínio do Ministério, Queiroz respondeu que sim e citou o exemplo da Crefisa.

    “Existe [investigação] em relação à Crefisa, por exemplo”, respondeu o ministro. “Nós recebemos a OAB lá no Ministério e encaminhamos a reclamação, o processo da OAB, diretamente para o Setor de Inteligência do Ministério. Pedi para que o setor de Inteligência do Ministério, juntamente com a força-tarefa previdenciária, fizesse um pente fino”, acrescentou.

    Wolney disse que enviou um expediente à Febraban, informando sobre a auditoria que estava em curso e que a apuração não se restringe à Crefisa. “Estamos fazendo uma varredura no crédito consignado como um todo”, disse.

    O ministro diferenciou, porém, as associações de fachada para fraudar aposentados dos créditos consignados, operados por correspondentes bancários, as chamadas “pastinhas”, que são ligadas a bancos e, portanto, reguladas, lastreadas e fiscalizadas pelo Banco Central. Há uma estimativa de que existam cerca de 320 mil correspondentes bancários atuando no Brasil.

    A farra do INSS

    • O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023.
    • Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
    • As reportagens levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU).
    • Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

    Conversa com associações

    Queiroz disse que uma das primeiras atitudes que tomou ao assumir o Ministério da Previdência fio conversar com a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e a Febraban. Ele foi alertado sobre problemas no consignado em audiência pública no Senado Federal.

    “Fizemos uma reunião longa com o Isaac [Sidney], [presidente] da Febraban, e eu disse a ele: eu não vou defender bancos e nem defender o consignado. Vocês que me apresentem os dados desse produto para provar à sociedade e ao Parlamento que vocês têm números”, contou.

    “E os números que eles mostram, são números, digamos assim, aceitáveis. Porque eles mostram que o assédio, que é aquela quantidade enorme de ligações para os aposentados, aquele assédio diminuiu 71% nos últimos três anos”, acrescentou.

    Como já mostrou o Metrópoles, o INSS autorizou 91 bancos a fazerem descontos diretos na folha de pagamento. No entanto, instituições financeiras acumulam problemas na Justiça, inclusive por golpes, como áudios fraudados para simular anuência a descontos consignados.

    A reportagem entrou em contato com a assessoria da Crefisa, mas ainda não houve retorno. O espaço segue aberto.