O dia 9 de julho, feriado em todo o estado de São Paulo, celebra a Revolução Constitucionalista de 1932, quando uma revolta armada mostrou a insatisfação dos paulistas com o governo provisório de Getúlio Vargas, iniciado dois anos antes, para criar uma nova constituição.
O Brasil já vivia uma enorme agitação porque, entre as medidas de Vargas, estava reduzir a influência das oligarquias regionais sob os estados. Para isso, foram nomeados interventores federais para cada unidade da federação. Os escolhidos, no entanto, se desentendiam com os contextos locais. E foi justamente aí que nasceu a revolta dos paulistas.
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Um grupo, então, ganhou força. A Frente Única Paulista (FUP) exigia a constitucionalização do país e a nomeação de um interventor civil e paulista.
A tensão alcançou ponto máximo em 23 de maio, quando quatro estudantes de Direito morreram em um confronto entre constitucionalistas e partidários do governo federal: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (conhecidos com o acrônimo MMDC).
O movimento teve início na capital de São Paulo, com muita articulação política e campanha de incentivo ao alistamento. Em pouco tempo, o MMDC passou de uma sigla e ganhou força de milícia. Em 9 de julho, com o acirramento das tensões, a revolta armada estourou. Os paulistas chegaram a resistir por três meses, mas não suportaram e se entregaram em 2 de outubro.
Apesar de ter sido derrotado no campo de batalha, politicamente o movimento atingiu seus objetivos. A luta pela constituição foi fortalecida, e em 1933 as eleições foram realizadas colocando o civil Armando Sales como governador do Estado. Assim, a data é comemorada todos os anos.
Um dos principais monumentos dedicados à memória da Revolução é o Obelisco do Ibirapuera. Com 72 metros de altura, o obelisco é o maior monumento da cidade e homenageia combatentes da revolução. O mausoléu guarda os corpos de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, além de outros 713 ex-combatentes.
Criação da data
Só em 1997, a Lei 9.497, de 5 de março, incorporou a data ao calendário oficial do estado e foi sancionada pelo então governador Mário Covas. Desde então, o governo paulista organiza, anualmente, um desfile cívico-militar para relembrar o movimento.
A Revolução Constitucionalista de 1932
- A Revolução Constitucionalista teve início em 9 de julho de 1932, quando o estado de São Paulo se insurgiu contra o governo provisório de Getúlio Vargas, que havia assumido o poder dois anos antes por meio de um golpe que derrubou o então presidente Washington Luís e impediu a posse de seu sucessor, Júlio Prestes.
- Vargas dissolveu o Congresso Nacional, anulou a Constituição de 1891 e nomeou interventores nos estados, o que reduziu drasticamente a autonomia das unidades federativas.
- A insatisfação em São Paulo cresceu com a ausência de instituições democráticas e culminou em grandes manifestações populares.
- A revolta ganhou força após o assassinato de quatro estudantes paulistas em confronto com tropas federais, durante um protesto em 23 de maio de 1932. Os jovens Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo viraram símbolo da luta, com suas iniciais formando a sigla MMDC, ainda hoje lembrada como representação dos mártires do movimento.
- Com apoio da população e forte mobilização por meio do rádio — liderada pelo jornalista César Ladeira, conhecido como “A Voz da Revolução” —, o estado convocou voluntários para pegar em armas contra o governo federal.
- No entanto, a resistência paulista, que contou com cerca de 100 mil combatentes, não recebeu o apoio prometido de outros estados e acabou isolada na batalha.
- O conflito durou quase 90 dias, até a rendição dos paulistas em 2 de outubro de 1932.
- Apesar da derrota militar, o movimento teve consequências significativas: no ano seguinte, Vargas convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, que elaborou a nova Constituição de 1934, restabelecendo o Congresso e ampliando a participação política no país.