A Coreia do Norte declarou apoio “incondicional” às ações da Rússia na guerra contra a Ucrânia, durante encontro entre Kim Jong-un, líder supremo do país asiático, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, neste sábado (12/7), em Pyongyang. A reunião reforça a aliança estratégica entre os dois países, que vêm ampliando os laços diplomáticos e militares desde a assinatura de um tratado de cooperação estratégica em junho de 2024.
Conforme nota divulgada pela agência estatal norte-coreana KCNA, Kim Jong-un reafirmou o compromisso de apoiar “todas as medidas tomadas pela liderança russa no que diz respeito ao combate à causa raiz da crise ucraniana” — uma referência à narrativa do Kremlin de que o Ocidente e a Otan provocaram o conflito.
O líder norte-coreano também desejou “vitória e glória” à Rússia e elogiou a condução do presidente Vladimir Putin na “defesa da dignidade e dos interesses básicos do país”.
A visita de Lavrov à capital norte-coreana ocorre no contexto do segundo diálogo estratégico entre as chancelarias dos dois países. O ministro russo entregou uma mensagem de saudação de Putin a Kim Jong Un, que retribuiu com agradecimentos e palavras de “amizade fraterna”.
“Os dois países compartilham as mesmas visões em todas as questões estratégicas”, afirmou Kim, segundo a mídia estatal. “Isso demonstra o alto nível de aliança estabelecido entre a RPDC [República Popular Democrática da Coreia] e a Rússia.”
A nota oficial exalta o “consenso de posições” entre as lideranças e a disposição mútua de ampliar a coordenação tática e diplomática no cenário internacional. Pyongyang e Moscou também se comprometeram a fortalecer sua parceria em diversas áreas, mesmo “independentemente de qualquer mudança na situação”.
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Parceria estratégica
Desde 2023, agências de inteligência dos Estados Unidos, Coreia do Sul e Ucrânia alertam para o envolvimento ativo da Coreia do Norte no esforço de guerra russo. Relatórios apontam que Pyongyang teria fornecido munições de artilharia, mísseis balísticos e projéteis antitanque para uso nas frentes de batalha russas.
Em outubro daquele ano, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, acusou a Coreia do Norte de fornecer “dezenas de contêineres de equipamentos militares” para a Rússia em troca de tecnologias avançadas, como satélites espiões e assistência em mísseis intercontinentais — uma cooperação estratégica com potencial desestabilizador para o equilíbrio militar no Leste Asiático.
Em abril de 2024, o Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou que imagens de drones mostravam supostos trabalhadores norte-coreanos em áreas sob controle russo, próximos a instalações militares. Na época, o regime de Kim Jong-un negou envolvimento direto.
No entanto, em abril deste ano, a Coreia do Norte admitiu oficialmente o envio de tropas para lutar ao lado da Rússia. De acordo com fontes oficiais norte-coreanas, soldados do país participaram de combates na região de Kursk, marcando uma nova fase da aliança entre Pyongyang e Moscou — com envolvimento militar direto em solo ucraniano.